Pupilo de ministro, que foi reeleito governador do Maranhão em coligação com 16 partidos, busca alianças para enfrentar prefeito
A provável nomeação do ministro da Justiça, Flávio Dino, para o Supremo Tribunal Federal (STF) deve mexer na correlação de forças políticas do Maranhão, estado dele, e gerar impactos diretos nas eleições municipais do ano que vem, inclusive em São Luís. Ao tomar posse na Corte, Dino terá que deixar o papel de articulador e de cabo eleitoral, funções que vinha exercendo para tentar eleger o deputado federal Duarte Júnior (PSB), seu correligionário, a prefeito da capital.
Na principal cidade maranhense, a eleição deve repetir cenário de 2020, quando o atual prefeito Eduardo Braide (PSD) enfrentou Duarte Júnior no segundo turno. Na ocasião, o atual chefe do Executivo municipal ficou com 55,53% dos votos válidos. Atualmente, os dois despontam como favoritos em pesquisas locais.
Com receio de ser derrotado novamente, o deputado tem tentado construir uma frente ampla: já conta com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e almeja ainda o aval do governador do estado e sucessor de Dino, Carlos Brandão (PSB), a quem se refere como “amigo pessoal”.
Apesar de ser do mesmo partido que Duarte Junior, Brandão não sinalizou apoio a ele nem a nenhum outro pré-candidato. A razão é que o grupo político do governador quase não enfrenta oposição no estado. Ao GLOBO, Brandão afirmou que deve ficar neutro nas eleições para evitar fissuras em sua base na Assembleia Legislativa.
— Existe a possibilidade de que eu não participe da eleição. Na maioria dos municípios, eu tenho os grupos políticos ao meu lado. Então, será que vale a pena? Dos 42 deputados estaduais, 42 me apoiam. Então para que eu vou entrar em uma briga dessa? Prefiro fazer parceria com aqueles que ganharem.
Apesar de ser do mesmo partido que Duarte Junior, Brandão não sinalizou apoio a ele nem a nenhum outro pré-candidato. A razão é que o grupo político do governador quase não enfrenta oposição no estado. Ao GLOBO, Brandão afirmou que deve ficar neutro nas eleições para evitar fissuras em sua base na Assembleia Legislativa.
— Existe a possibilidade de que eu não participe da eleição. Na maioria dos municípios, eu tenho os grupos políticos ao meu lado. Então, será que vale a pena? Dos 42 deputados estaduais, 42 me apoiam. Então para que eu vou entrar em uma briga dessa? Prefiro fazer parceria com aqueles que ganharem.
Apesar de não ter confirmado o apoio a Duarte Junior, a imagem de Brandão está estampada em quase todos os banners da pré-campanha até agora, inclusive no convite para o evento de lançamento do nome do deputado para prefeito de São Luís. Brandão estava lá ao lado de Dino; apesar disso, nenhum dos dois foi à solenidade, em 27 de setembro. O governo federal, por sua vez, estava representado pelos ministros Márcio França (Empreendedorismo) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário).
Diálogo amplo
A expectativa é pela presença de Lula no palanque, já que há um acordo para que o PT indique o vice da chapa, culmine na adesão da federação PT-PV-PCdoB. Enquanto isso, o parlamentar busca o diálogo com partidos da direita, como PL e PP, e centro, como o MDB.
Um possível apoio do MDB, contudo, enfrenta entraves. Na última sexta-feira, o irmão do governador, Marcus Brandão, assumiu a presidência do partido em um evento que Duarte Júnior esteve presente. Todavia, a sigla reúne a família Sarney, clã que tem se aproximado da gestão de Eduardo Braide. Orleans Brandão, filho de Marcus e sobrinho de Carlos Brandão, é inclusive cotado para ser vice na chapa do atual prefeito.
Este acordo é costurado pelo deputado federal Cléber Verde, aliado do governador que comanda o diretório municipal do MDB em São Luís. Na capital, Verde já declarou apoio à reeleição de Braide (PSD). A adesão dos Sarney à reeleição de Braide, no entanto, não está garantida.
Duarte Júnior minimizou o impacto das negociações:
— Como meu objetivo é resolver a cidade, ninguém quer saber se meu projeto é de direita ou de esquerda. Vamos buscar e teremos apoio da direita.
O parlamentar reconheceu que a provável ida de Dino à mais alta Corte do país, retira de seu palanque o político que em 2018, quando se reelegeu governador, juntou numa única coligação, a Todos pelo Maranhão, PCdoB, PDT, PRB, PPS, PTB, DEM, PP, PR, PTC, PPL, PROS, AVANTE, PEN, PT, PSB e Solidariedade, numa demonstração da dimensão de seu tamanho no estado.
— Não é segredo para ninguém que fui aluno dele, fui secretário de estado, líder do governo dele. Somos grandes aliados. Vejo a indicação como um sinal de vitória, de que estamos do lado da Justiça e representamos a boa política.
Fonte: O GLOBO
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