Levantamento de entidade sindical aponta ainda que 18% dos concursados empossados no instituto da seleção de 2022 já deixaram seus postos

Dos 2.700 servidores do Ibama, ao menos, 500 estão inscritos nos concursos anunciados pelo governo federal recentemente. A informação foi dada pelo presidente do instituto, Rodrigo Agostinho, ao ser questionado pelo blog sobre o levantamento realizado pela Ascema Nacional, entidade que representa os servidores da área ambiental, que aponta que um a cada seis concursados que tomaram posse no Ibama, na última seleção de 2022, já abandonaram seus postos. Os dados foram confirmados por Agostinho, que ratificou a desistência de 18% dos concursados empossados no período e acrescentou que a maior parte era de profissionais de nível técnico.

Os servidores do Ibama estão com o trabalho de campo suspensos desde o início deste mês, numa queda de braço com o governo federal por uma reestruturação na carreira, o que inclui melhora nos rendimentos e nas condições de trabalho. Às vésperas da reunião dos servidores com o Ministério da Gestão e Inovação (MGI), marcada para esta quinta-feira, Agostinho admite que os baixos salários de Ibama e ICMbio estão levando muitos servidores a buscar uma mudança de carreira:

- O que existe de fato é que temos, pelo menos, 500 servidores disputando os concursos anunciados recentemente, por conta dos salários e da carreira existente no Ibama e no ICMbio. Esses 500 querem mudar de vida. Possuem um emprego federal com estabilidade, mas não estão contentes com a sua remuneração - diz o presidente do Ibama.

Pesquisa realizada pela Asibama-DF, entidade sindical regional, indica que o número de servidores interessados em mudar de carreira seria ainda maior. Dos 801 funcionários entrevistados, 72,8%, ou seja, cerca de sete em cada dez disseram estar se preparando para outros concursos, motivados pela busca de uma valorização profissional.

Em nota, o presidente da Ascema Nacional, Cleberson Zavaski , afirma que esse fenômeno expõe a baixa atratividade da carreira. E ressalta que a falta de retenção de servidores na área ambiental eleva os gastos com processos de seleção e formação de novos profissionais, e compromete a continuidade e a eficácia das ações de fiscalização e monitoramento ambiental em um momento crítico para a conservação da biodiversidade no Brasil.


Fonte: O GLOBO