Aston Villa, Bayer Leverkusen e Girona tentam derrubar hegemonias locais
Para repetir o conto de fadas que o mundo testemunhou há oito anos, o Villa tem a dura missão de batalhar contra Liverpool e Manchester City, dupla que monopoliza o futebol inglês desde então, além do restante do chamado Big Six — Manchester United, Arsenal, Tottenham e Chelsea —, o turbinado Newcastle e o alto nível das equipes do campeonato nacional mais valioso do mundo.
Desde que o treinador espanhol Unai Emery chegou, em outubro de 2022, no entanto, o Villa passou a ser um dos melhores times do país. Em sua segunda temporada, a campanha de terceiro colocado, com 43 pontos — dois atrás do líder Liverpool e igual ao City —, credencia uma equipe muito forte em casa — melhor mandante, com nove vitórias e um empate — a ser candidata real.
Douglas Luiz é um dos melhores jogadores do Aston Villa — Foto: Adrian DENNIS / AFP
Os destaques em campo vêm dispensando apresentações, como no caso do volante brasileiro Douglas Luiz, um dos melhores na posição no mundo. O artilheiro inglês Ollie Watkins, com nove gols no campeonato, o bom meia escocês John McGinn e o goleiro argentino Dibu Martínez, campeão mundial, são pilares sólidos.
Porém, para bater os dois concorrentes ou mesmo se manter à frente dos demais, é preciso ser praticamente perfeito. Ontem, a equipe tropeçou no Everton, empatando por 0 a 0, assim como deixou pontos escaparem em casa para o vice-lanterna Sheffield United.
O Liverpool vem fazendo uma temporada de reencontro com os seus melhores dias, enquanto o City, que o próprio Villa venceu em uma atuação acachapante no mês passado, mas apenas por 1 a 0, já recuperou o fôlego após um início decepcionante.
Conseguir uma vaga na próxima Liga dos Campeões seria um grande feito para o campeão europeu de 1982, e que é um dos favoritos a vencer a atual edição da Conference League, mas, à essa altura, o sonho do título inglês já passou de mera projeção.
Fim do ‘Neverkusen’?
Nos últimos 11 anos, por mais que parecesse justo ou não, o Bayern de Munique ocupou o trono do futebol alemão. Borussia Dortmund e RB Leipzig falharam em todas as tentativas. Desta vez, o Bayer Leverkusen parece um dos desafiantes mais consistentes.
Após a pausa de inverno, a Bundesliga voltou neste fim de semana com mais uma vitória do líder — sobre o Augsburg, por 1 a 0 —, que chegou a 45 pontos, quatro a frente do atual campeão, que tem um jogo a menos.
Assim como seu compatriota Emery, o ex-jogador e treinador Xabi Alonso chegou ao clube em outubro de 2022, e tem um dos trabalhos de maior destaque no futebol europeu desde então. Em 2023/24, são 26 jogos invicto — 23 vitórias e três derrotas —, o que já é a maior sequência da história do esporte na Alemanha.
Na Liga Europa, a equipe passou com 100% de aproveitamento no grupo e também é uma das favoritas. O atacante nigeriano Victor Boniface vem sendo grande destaque da campanha, com dez gols marcados. Agora, será desfalque por algum tempo por causa da Copa Africana das Nações, assim como o zagueiro Edmond Tapsoba, de Burkina Faso. Mas não faltam destaques, tal qual o meia alemão Florian Wirtz, o lateral esquerdo espanhol Álex Grimaldo e o volante suíço Granit Xhaka.
Xabi Alonso vai se tornando um dos principais treinadores da Europa no Bayer Leverkusen — Foto: LUKAS BARTH / AFP
No entanto, se todos esses títulos são uma realidade cada vez mais consolidada — o Bayer também está vivo na Copa da Alemanha —, é preciso ser perfeito contra um rival acostumado a ser soberano. Liderado agora pelo artilheiro Harry Kane, a equipe de Munique aguarda tropeços do líder. Foi assim que venceu o Dortmund no ano passado, mesmo em uma temporada de desempenho abaixo.
Apelidada pelos rivais de "Neverkusen" — trocadilho com "never", palavra em inglês para "nunca" — por não terem um título alemão, a equipe de Xabi precisa continuar beirando a perfeição para derrubar o maior time do país e, finalmente, colocar esta taça em sua galeria.
Pequeno entre gigantes
Na Espanha, o Girona chegou com tudo. Inicialmente, parecia mais uma nova sensação que não duraria muito entre os gigantes Real Madrid, Barcelona e Atlético de Madrid, mas a sequência de bons resultados mostrou que a pequena equipe precisava ser levado a sério. Atual líder de La Liga, tem 49 pontos em 20 jogos — tropeçou no lanterna Almería, empatando por 0 a 0 —, com o Real atrás, com um ponto e uma partida a menos.
Integrante do Grupo City, o time do treinador Míchel chama atenção por seu futebol ofensivo e intenso, que costuma ceder muitos gols, mas produz ainda mais. Não à toa, tem o melhor ataque da competição, com 48 gols.
Dois brasileiros chamam a atenção no elenco, o atacante Savinho e o lateral direito Yan Couto, que já foi até convocado para a seleção brasileira. O grupo ainda tem a experiência do zagueiro holandês Daley Blind, que abraçou o projeto após defender vários clubes de peso do continente.
Yan Couto, do Girona, foi convocado pela seleção brasileira em 2023 — Foto: Pau BARRENA / AFP
Ao contrário das histórias que envolvem Aston Villa e Bayer Leverkusen, o Girona é uma equipe sem tradição, o que surpreende ainda mais. Para derrubar a hegemonia de Real e Barça, apenas clubes como o Atleti tem mostrado capacidade nos últimos anos, em temporadas pontuais. Contudo, o líder já venceu os catalães e a equipe de Diego Simeone nesta edição, e perdeu apenas para os merengues.
Conquistar uma vaga em qualquer liga europeia já seria o máximo, mas, após ter batido Barça e Atleti nesta temporada, o Girona já tem como legítimo o sonho por um histórico título.
Fonte: O GLOBO
0 Comentários