Ramagem, agentes da Abin e da PF são alvos de operação que investiga invasão do sistema de telefonia

Foco da operação deflagrada nesta quinta-feira contra o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), o sistema utilizado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar a localização de celulares em todo o Brasil foi alvo de uma apuração interna da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). O procedimento interno apontou que a atuação do órgão ocorreu sem o conhecimento das operadoras.

De acordo com as investigações, a Polícia Federal concluiu que os investigados invadiam clandestinamente a rede de infraestrutura crítica da telefonia do país por meio do sistema "First Mile", revelado em março de 2023 pelo GLOBO.

Na Operação Vigilância Aproximada, desdobramento da operação Última Milha, a PF confirmou a existência de uma "Abin paralela" durante a gestão de Alexandre Ramagem para o monitoramento ilegla de autoridades públicas e de outras pessoas com a utilização de sistemas internos como o de monitoramento da localização de celulares sem a devida autorização judicial.

O programa espião, desenvolvido pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint), aproveitava uma brecha no sistema de telecomunicações para obter a localização dos celulares. O GLOBO apurou que as operadoras, ao identificarem essas tentativas de acesso, tomaram medidas para evitar que continuassem. De acordo com a Anatel, as empresas de telefonia já eliminaram esta vulnerabilidade do sistema.

Para a PF, o sistema utilizado pela Abin é "um software intrusivo na infraestrutura crítica da telefonia brasileira". A cada busca realizada, portanto, a rede de telefonia teria sido invadida com a utilização de um serviço adquirido com recursos públicos.

A investigação indica que, com as informações obtidas por meio do sistema, esse grupo de agentes ligado a Ramagem criou uma "estrutura paralela na Abin" e utilizou as ferramentas como o First Mile para produzir informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da PF.


Fonte: O GLOBO