Porto Velho, RO - Com a troca no comando do Ministério da Justiça e a expectativa de mudança nas secretarias da pasta, o PSB já planeja uma reação à redução de espaço no governo. Principal aliado do atual ministro Flávio Dino na bancada do partido na Câmara, Duarte Jr.(MA) expôs a insatisfação em uma mensagem enviada ontem no grupo de WhatsApp do partido: o deputado chega a dizer que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou “mais uma decisão equivocada” ao abrir mão do secretário-executivo, Ricardo Cappelli.
O parlamentar, que é pré-candidato à prefeitura de São Luís, afirma que o presidente resolveu tirar o número 2 do Ministério da Justiça “mesmo depois de todo excelente, visível e resolutivo trabalho prestado”. “O pior é que ontem ele (Lula) destacou que o novo ministro terá liberdade total para montar a sua equipe. Vamos lembrar que lá temos quatro secretários do PSB”, prosseguiu Duarte Jr.
O deputado sugere que o líder do partido peça uma audiência com Lula, com o vice-presidente Geraldo Alckmin, e com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para defender a permanência dos integrantes dos partidos nos cargos. “Por fim, destaco que é mais um espaço tomado do PSB”, finalizou o aliado de Dino.
O novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) continua filiado ao PSB, mas terá que se desligar da legenda antes de sua posse na Corte, marcada para 22 de fevereiro.
Procurado, Duarte Jr. disse que a “nossa insatisfação não é com perda de cargos, mas com a possível saída de nomes que são técnicos e estão dando bons resultados”.
Integrantes do partido também se movimentam para manter nos cargos os secretários Tadeu Alencar (Segurança Pública) e Elias Vaz (Assuntos Legislativos). Ambos foram deputados federais pela sigla até 2022.
— Existe uma insatisfação. São quadros importantes do partido e cabe um reconhecimento — afirmou o deputado Jonas Donizette (PSB-SP), um dos vice-líderes do governo na Câmara.
Segundo ele, há um mal estar na legenda desde o deslocamento de Márcio França do Ministério de Portos e Aeroportos para a nova pasta do Empreendedorismo e Microempresa, em uma operação para acomodar o Centrão. O líder do PSB na Câmara, Gervásio Maia (PB), vai marcar uma reunião da bancada na Casa com o presidente do partido, Carlos Siqueira, para organizar uma posição unificada da sigla sobre o assunto.
Líder do PSB no Senado, Jorge Kajuru (GO) disse que conversou com Lula sobre o assunto em uma reunião no Palácio do Planalto:
— Falei que estava preocupado com a equipe do PSB lá. Ele pediu para esperar e não deu nenhuma opinião. Disse que o Lewandowski (novo ministro) ia conversar com cada um deles.
Alencar afirmou que ainda não foi procurado. O secretário disse que a legenda tem experiência na área da segurança, almas ressaltou que a aliança com Lula permanecerá em qualquer cenário.
— É natural uma retribuição e, na segurança, o PSB tem o que dizer. Em Pernambuco, onde fui secretário (da Casa Civil na gestão Eduardo Campos), temos ainda a experiência do Pacto Pela Vida. O PSB não é um partido que empresta apoio político em troca de espaços e cargos. Estamos no governo porque ajudamos a construí-lo na frente democrática que elegeu o presidente Lula — afirmou Alencar.
Escolhas em andamento
Como mostrou O GLOBO ontem, o posto de Cappelli deve ser ocupado pelo ex-secretário-geral do Supremo Tribunal Federal (STF) Manoel Carlos de Almeida Neto, homem de confiança de Ricardo Lewandowski. Ele assessorou o magistrado aposentado no julgamento do mensalão e foi seu braço-direito enquanto ele presidiu a Corte e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Chefe de gabinete de Lewandowski na Confederação Nacional da Indústria (CNI), onde o ex-ministro do STF é conselheiro jurídico, Ana Maria Neves deve ser nomeada para o posto equivalente na Justiça.
Também está em discussão, entre outros nomes, a ida de Jean Keiji Uema, hoje chefe da Assessoria Especial do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Ele é analista judiciário concursado do STF e foi chefe de gabinete de Jaques Wagner (PT-BA) na Casa Civil durante o governo de Dilma Rousseff.
Fonte: O GLOBO
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