A decisão de Bolsonaro atrapalha alianças para as eleições municipais já pré-definidas em cidades espalhadas por três estados: Santa Catarina, São Paulo e Goiás
“Deixo claro: PSD do Kassab eu não apoio ninguém, tá ok?”, diz Jair Bolsonaro (PL) em áudio divulgado pelo jornal “O Estado de S.Paulo” e confirmado pelo GLOBO. A decisão de Bolsonaro atrapalha alianças para as eleições municipais já pré-definidas em cidades espalhadas por três estados: Santa Catarina, São Paulo e Goiás.
Apesar de ter três ministérios do governo Lula, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, é secretário de Governo da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), em São Paulo. O governador é ex-ministro de Bolsonaro e a principal aposta da oposição para disputar o Palácio do Planalto em 2026, já que o ex-presidente está inelegível.
Em São Paulo, o maior impasse ocorre em São José dos Campos. O prefeito Anderson Farias assumiu em março de 2022 após o atual vice-governador, Felício Ramuth (PSD), renunciar para concorrer na chapa de Tarcísio. Farias é filiado ao PSD e tem em sua base na Câmara Municipal vereadores do PL .
— Tenho o apoio do governador Tarcísio e do vice-governador Felício, ambos votam em São José dos Campos. Meu arco de alianças é o mesmo da coligação de 2020, os partidos que hoje integram a minha base — disse Farias ao GLOBO.
Em Goiás, comandado por Ronaldo Caiado (União), a aresta está em Rio Verde. O pré-candidato do PSD é o ex-deputado estadual Lissauer Vieira, que é próximo do PL e chegou a ser convidado para se filiar ao partido.
— As eleições municipais não são movidas por direita e esquerda. O que vai mover cada partido é a conjuntura local: as ligações afetivas, as tradições que ligam esses grupos. Por isso que determinar um fator nacional acaba não funcionando — avalia o cientista político da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Paulo Baía.
Vice na chapa
Já em Santa Catarina, estado governado por Jorginho Mello (PL), há impasses em ao menos sete municípios. Um deles é a capital, Florianópolis. Topázio Neto assumiu a prefeitura em março de 2022, após o prefeito Gean Loureiro (União) renunciar para concorrer a governador. Topázio chegou a gravar vídeos em apoio a Bolsonaro e declarou apoio à reeleição do ex-presidente. As negociações são para que o PL indique o vice na sua chapa em busca de um novo mandato:
— O PL ainda não oficializou (o apoio), mas há uma conversa direta entre o prefeito e o governador Jorginho Mello (que também é presidente estadual da sigla) — afirma o secretário municipal de Comunicação, Bruno Oliveira.
Nesta disputa há um outro nome da direita colocado: o do ex-deputado estadual Pedro Silvestre (PP).
O cenário conflituosa também se desenha em Chapecó, onde o bolsonarista João Rodrigues (PSD) concorrerá à reeleição.
— Nossa amizade vai além da política, antes mesmo dele ser presidente. Ele sabe que pode contar comigo — afirma o prefeito.
Nos bastidores, o nome da deputada federal Carol de Toni (PL) chegou a ser colocado, mas articuladores apontam que a parlamentar não teria interesse em concorrer neste momento.
Cotada para a disputa em Criciúma, a deputada federal Júlia Zanatta (PL) não descarta a possibilidade de o partido apoiar o secretário municipal de governo Arleu da Silveira (PSD), que será indicado pelo atual prefeito, Clesio Salvaro, para a sucessão.
— Quero seguir no mandato de deputada, mas nem sempre a gente faz o que temos vontade. A minha preocupação é: quem irá falar do Bolsonaro na eleição municipal? — questiona Zanatta.
Em outras duas cidades, Herval d’Oeste e Joaçaba, dois bolsonaristas foram recrutados pelo PSD: o vice-prefeito Jair da Rosa e o vereador Juliano Pedrini, respectivamente, que irão disputar o pleito com a benção do PL.
O destino mais incerto de Bolsonaro em Santa Catarina é em São José. O prefeito Orvino de Ávila (PSD) será candidato e a ex-prefeita Adeliana dal Pont pode concorrer pelo PL. Há, no entanto, um terceiro nome cotado: o do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques. Preso desde agosto,ele é acusado de ter usado a máquina pública para interferir no processo eleitoral de 2022. Caso Vasques consiga disputar, a expectativa é que Bolsonaro esteja ao seu lado.
Fonte: O GLOBO
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