Durante ato neste domingo, ex-presidente pediu anistia para envolvidos com os ataques golpistas; provas incluem vídeos gravados pelos manifestantes, geolocalização de celulares e material genético

Neste domingo, durante ato na Avenida Paulista,o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu uma anistia aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro, classificados por ele de "pobres coitados". Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu o julgamento de mais 15 réus pelos atos golpistas, chegando ao total de 101 condenações. 

Entre as provas listadas contra os réus, estão os vídeos gravados por eles próprios, com declarações como "tomamos todos os Poderes", "tudo invadido" e "nós vencemos". Também foram utilizados a geolocalização de seus celulares e material genético.

As penas ainda serão definidas, mas devem ficar entre 11 anos e meio e 16 anos e meio, seis meses a menos do que o proposto pelo relator, Alexandre de Moraes. Todos os 15 réus foram condenados por abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e associação criminosa armada. Treze deles também foram considerados culpados por dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Confira a seguir o que pesa contra os réus e o que dizem suas defesas.

Ana Cláudia Rodrigues de Assunção

Provável pena: 16 anos e meio

Gravou vídeo de dentro do Senado afirmando "nós vencemos", "a vitória é nossa" e "a nossa bandeira jamais será vermelha". De acordo com o voto de Moraes, ainda reproduziu "falas do grupo invasor do qual era integrante, no sentido de que iriam destituir todos os ministros do STF". A defesa afirmou que ela "passou a maior parte do tempo orando e observando o que estava acontecendo ali".

Edson Carlos Campanha

Provável pena: 16 anos e meio

De dentro do Congresso, gravou vídeo dizendo que "o povo invadiu, o povo fez sua parte" e que passou "mais de 60 dias indo às manifestações, cobrando resultados". A defesa afirmou que só foram apresentadas "acusações superficiais genéricas".

Ivair Tiago de Almeida

Provável pena: 16 anos e meio

Em vídeo gravado por ele, é possível ouvir uma voz masculina afirmando, na chegada da Praça dos Três Poderes, que eles estavam indo "tomar o poder desses corruptos". Em outro momento, alguém diz que "o STF acabou de acabar" e "tomamos todos os Poderes". A defesa afirmou que "não foi cogitada pelo sr. Ivair em nenhum momento abolição ou golpe de Estado".

Janailson Alves da Silva

Provável pena: 11 anos e meio

Foi preso no início do ato, antes da chegada à Praça dos Três Poderes, após outros manifestantes relatarem à polícia que ele havia dito que iria "quebrar tudo". A defesa afirmou que ele "em momento algum queria a abolição do Estado Democrático de Direito ou golpe de Estado".

João de Oliveira Antunes Neto

Provável pena: 11 anos e meio

Ao ser preso, declarou que "pretendia ir ao STF e entrar no local". A defesa afirmou que não houve "descrição da violência ou grave ameaça que ele teria praticado".

Joel Borges Corrêa


Provável pena: 13 anos e meio

Fez vídeo em que uma voz masculina afirma "vamos invadir tudo" e "a vitória é nossa". A defesa afirmou que não há "nenhuma filmagem ou imagem do acusado depredando bem público".

Jucilene Costa do Nascimento

Provável pena: 13 anos e meio

Gravou vídeo dizendo "tomamos os Três Poderes", "luta não foi em vão", "quem achou que estávamos brincando mais de 70 dias, se enganou" e "tem que trazer todo o acampamento para aqui até resolver". A defesa afirmou que ela queria "se manifestar de forma pacífica e ordeira em prol da democracia".

Marcos Roberto Barreto

Provável pena: 13 anos e meio

Gravou vídeo no Quartel-General do Exército afirmando que "essa é a última cartada, se não der certo, o comunismo vai acabar com a nossa família, com nosso Brasil". A defesa afirmou que ele foi ao ato apenas para "demostrar ao governo eleito que o povo estaria atento aos atos de gestão".

Maria Carlos Apelfeller

Provável pena: 13 anos e meio

Moraes afirmou que "fica claro o envolvimento da ré com a dinâmica do movimento" devido a um áudio encontrado em seu celular no qual uma pessoa diz que "nós vamos ter que invadir o Congresso, invadir o STF e invadir o que for preciso e aonde tiver ladrão e bandido, tomar tudo e só sair de lá quando eles não estiverem mais lá". A defesa alegou que ela "jamais objetivou depor o governo".

Nilvana Monteiro Furlanetti Ferreira Neto

Provável pena: 13 anos e meio

Moraes afirmou que ela "mantinha em seu aparelho celular mídias que referiam à possibilidade de violência no ato previsto para o dia 8/1, podendo-se concluir que ela mesma já antecipava a possibilidade de embate com forças de segurança". A defesa afirmou que ela em nenhum momento pediu intervenção militar ou queda do presidente.

Patrícia dos Santos Salles Pereira

Provável pena: 16 anos e meio

Gravou vídeo dentro do Senado afirmando "nós estamos aqui tomando o que é nosso" e que "o nosso país não vai ser comunista". A defesa alegou que ela foi "apenas para se manifestar de forma pacífica em prol da democracia".

Simone Aparecida Tosato Dias

Provável pena: 13 anos

Gravou vídeo de dentro do Planalto e mostrando confronto com a polícia. Para Moraes, "não merece credibilidade a versão apresentada em juízo de que apenas tomou conhecimento do confronto tarde demais, sendo impossibilitada de deixar o local". A defesa afirmou que ela foi ao local "para se manifestar de forma pacífica em prol da democracia".

Valmirando Rodrigues Pereira

Provável pena: 13 anos e meio

Ao ser preso, afirmou que "queria que as Forças Armadas decretassem a GLO e assumissem o poder", de acordo com o resumo do seu interrogatório. A defesa afirmou que não há "qualquer prova nos autos" contra ele.

Viviane de Jesus Camara

Provável pena: 13 anos e meio


Fez vídeo dentro do Planalto dizendo que estava "tudo invadido, meu povo, tá aí o resultado de quase 70 dias nas ruas, olha aí que coisa linda". Também relatou que passou 60 dias no Comando Militar do Leste (CML) e disse que "bandido nenhum vai governar o nosso país". A defesa afirmou que ela "esperava por uma manifestação pacífica em Brasília".

Viviane dos Santos

Provável pena: 13 anos e meio

De acordo com Moraes, ficou comprovado que ela "integrava grupo que buscava, em claro atentado à Democracia e ao Estado de Direito, a realização de um golpe de Estado". A defesa alegou que ela foi ao local "apenas com o intuito de se manifestar pacificamente".


Fonte: O GLOBO