Empresário morreu neste domingo em São Paulo, onde estava internado com um quadro de insuficiência respiratória em função de uma pneumonite
Através da Península, gestora criada por Diniz em 2006 e da qual ele é presidente do Conselho de Administração, o empresário também passou a comprar ações da BRF. Mas depois de prejuízos seguidos, além da Operação Carne Fraca, investigação da Polícia Federal sobre a venda ilegal de carnes por alguns frigoríficos brasileiros, incluindo a BRF, ele deixou a empresa em 2018.
Se a fusão com o Pão de Açúcar não vingou, mesmo assim o Carrefour entrou na vida do empresário. Em 2014, a Península passou a comprar ações da varejista francesa. Hoje, a gestora de Abílio possui participação relevante — e ele era um dos maiores acionistas globais — com direito a assentos no conselho de administração no Brasil e também na matriz francesa.
Há uma curiosidade do passado entre Diniz e o Carrefour: em 1967, o empresário conheceu Marcel Fournier, cofundador do Carrefour, durante uma viagem a Paris. Fournier levou o brasileiro para conhecer suas lojas, e descreveu como era a operação. Abilio usou o Carrefour como 'modelo' para a expansão do Pão de Açúcar no país.
O empresário morreu neste domingo em São Paulo, aos 87 anos de idade. Conhecido por ter transformado o Grupo Pão de Açúcar na maior rede varejista do país, Diniz estava internado no hospital Albert Einstein, vítima de insuficiência respiratória em função de uma pneumonite.
Nas últimas décadas, o varejo brasileiro viveu uma onda de consolidação liderada pelo Pão de Açúcar, que adquiriu muitos concorrentes e se expandiu. Num dos negócios mais recentes — e considerado um dos mais arrojados — o Pão de Açúcar adquiriu a rede Pontofrio, em 2009.
Meses depois, anunciou uma joint venture com a varejista Casas Bahia que resultou na criação da Via Varejo, em 2010, o maior grupo de distribuição da América Latina. Com a união com a Casas Bahia, além da compra do Ponto Frio, o grupo passou a ter 140.000 funcionários e mais de 1.800 lojas espalhadas pelo país.
O negócio, porém, passou por uma reavaliação pela família Klein, dona das Casas Bahia. Os Klein argumentaram que os valores estabelecidos para a transação estavam baixos, dada a força das Casas Bahia. Mesmo com a saída de Diniz do GPA, o grupo manteve sua participação de 36% na Via Varejo até 2019, quando suas ações foram vendidas em um leilão realizado pela B3. A própria família Klein recomprou as ações.
Desde a abertura da primeira loja no bairro do Jardim Paulista, em 1959, o Pão de Açúcar trouxe muitas inovações. Em 1965, por exemplo, a rede foi a primeira a inaugurar um supermercado dentro de um shopping, o Iguatemi, em São Paulo. A loja está aberta até hoje.
Em 1969, a companhia criou o primeiro supermercado 24 horas no país. Em 1971, criou o Jumbo, primeiro hipermercado do Brasil e precursor do Extra. A empresa foi pioneira em introduzir o serviço de delivery, em 1995, em que os clientes faziam pedido por telefone ou fax, através de um catálogo de produtos, e recebiam as compras em casa em até 24 horas.
Com o Plano Collor, em 1990, e o confisco da poupança e congelamento de preços, o faturamento do Pão de Açúcar foi brutalmente atingido. A empresa ficou à beira do colapso. Abilio Diniz criou o lema “Corte, Concentre e Simplifique”. Vendeu imóveis e carros, demitiu, e fechou mais de 400 lojas. Vendeu empresas coligadas e se focou no ramo alimentar. E a rede conseguiu se recuperar.
Por ironia do destino, atualmente é o Casino que atravessa problemas financeiros e vem se desfazendo de ativos pelo mundo. A rede francesa, controladora do GPA e atualmente com 40,9% de participação, divulgou que quer se desfazer de sua posição. O mercado logo especulou uma possível volta de Abílio à empresa de sua família. Mas esse retorno acabou não se concretizando.
Fonte: O GLOBO
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