Leitura das notas das 14 escolas de samba de SP será nesta terça-feira à tarde

A apuração dos desfiles das escolas de samba do Grupo Especial de São Paulo será transmitida pela TV Globo nesta terça-feira, dia 13, às 16h10, após o compacto com os melhores momentos dos desfiles da noite anterior. A leitura das notas das 14 escolas que cruzaram o Anhembi na sexta e sábado é aguardada por sambistas e dirigentes. A agremiação que chegar na maior pontuação será a campeã de 2025. O desfile das campeãs no dia 17 de fevereiro.

Vai-Vai

Quando a Vai-Vai passou pelo portão do sambódromo às 22h36, foi imediatamente recebida com fervor pelas arquibancadas, que sabiam de cor a letra do samba “Capítulo 4, Versículo 3 - Da Rua e do Povo, o Hip-Hop: Um Manifesto Paulistano” e já dava um indício da festa de alto nível que entregaria.

Tom Maior

A Tom Maior transformou a história de Orfeu em um conto indígena com o samba “Aysú: Uma História De Amor”. Na história original, Orfeu encanta animais, árvores e humanos com sua lira e se apaixona por Eurípides. Entretanto, ela é picada por uma serpente e morre, então seu amado inicia uma jornada até o inferno para resgatá-la, onde enfrenta cães de três cabeças e outras criaturas. No enredo da escola do Sumaré, entretanto, Orfeu vira Abaeté e sua lira é substituída por uma flauta. 

Eurípides se transforma em Anahí, e os seres encantados da floresta são representados pela fauna e flora brasileiras. Foi com carros-alegóricos cheios de estruturas animadas — cabeças que se moviam e serpentes que davam o bote — e volumosas fantasias muito bem trabalhadas nas penas que a agremiação deu vida a seu primeiro desfile com temática indígena, mantendo o alto nível da noite.

Mocidade Alegre

A atual campeã do Carnaval entrou na avenida pouco antes da 1h da manhã para exaltar Mário de Andrade, com o ator Pascoal da Conceição representando o escritor. Foi um ode às obras do ícone do movimento modernista e à cidade de São Paulo dessa época, em um desfile bem executado do início ao fim e de alta qualidade técnica.

Gaviões da Fiel

A escola levou para a avenida uma experiência cósmica para homenagear a si mesma, relembrando o samba de 1995 “Coisa Boa é para sempre”. O maior destaque foi a comissão de frente criativa e bem trabalhada, com uma nave espacial sob a qual estavam dançarinos prateados.

Águia de Ouro

A agremiação da Pompeia celebrou o rádio e a força de suas transmissões, das radionovelas a jogos de futebol, passando por notícias de guerra até a música. Com enredo leve e de fácil compreensão, o desfile começou com Chacrinha, teve ala dedicada a Carmem Miranda, carro exaltando a Rádio Nacional e alegorias de profissionais como bombeiros e policiais, que usam as ondas radiofônicas para se comunicar. A escola fez questão de lembrar que o rádio está em todo lugar: no campo, na entrega de cartas de amor, na comunicação para pedidos de emergência, nas transmissões de cerimônias religiosas.

Império de Casa Verde

A escola da Zona Norte fez uma festa paraense ao homenagear Fafá de Belém sob o enredo "Fafá, a Cabocla Mística em Rituais da Floresta". A cantora desfilou no último carro com adornos de penas marrons, azuis e pretas, enquanto bandeiras exaltavam sucessos musicais como “Bilhete”, “Sob Medida” e “Xamego”. 

Mas o Pará foi celebrado de todas as formas: Círio de Nazaré e a Ilha de Marajó estava nos versos do samba e o carimbó foi reverenciado em uma ala repleta de vestidos floridos em tons de azul e amarelo. Botos cor-de-rosa apareceram soltando bolhas de sabão, fazendo a alegria do público. Uma ala ainda lembrou as Diretas Já, com placas de “Eu quero votar para presidente”. Fafá de Belém cantou a canção "Menestrel das Alagoas", símbolo contra a ditadura, em comícios que pediam as eleições diretas.

Tucuruvi

A Acadêmicos do Tucuruvi fechou a noite com o samba “Ifá”, contando a história do culto religioso de origem africana. Com o dia já claro, a Acadêmicos do Tucuruvi apresentou um desfile cheio de ancestralidade e espiritualidade. Nas fantasias, estampas tradicionais africanas ganharam brilho especial com o sol nascendo, e a bateria teve destaque especial.

Camisa Verde e Branco

A Camisa Verde e Branco abriu os caminhos da avenida, com uma homenagem aos imperadores importantes da história, em especial os africanos, e ao jogador Adriano Imperador. Didico foi a grande estrela do desfile, todo de branco no último carro da escola. A escola que voltou à elite do Carnaval paulistano neste ano após passar 12 anos no grupo de acesso. 

“Lá vem o Didico Pra ser coroado nas terras do rei”, repetiu o samba-enredo “Adenla, o Imperador Nas Terras do Rei”, que embalou alas repletas de dourado, rosa e azul, além das cores que a agremiação leva no nome.

Barroca Zona Sul

Já a Barroca Zona Sul, que veio em seguida, fez um desfile de 1 hora e 3 minutos para celebrar a si mesma, em comemoração aos seus 50 anos de história, com alas e carros cheios de referências a sambas-enredo marcantes do passado. De dourado da cabeça aos pés, Juju Salimeni foi a rainha de bateria. A bateria, aliás, foi um dos grandes destaques da agremiação do Jabaquara, que balançou as arquibancadas no início da madrugada com um público que cantou o samba com fervor.

Dragões da Real

Dragões da Real, a terceira a adentrar o sambódromo, apresentou um desfile luxuoso sob o enredo “África — Uma constelação de reis e rainhas”. As tradicionais cores vermelho, preto e branco quase não apareceram no desfile, que privilegiou tons terrosos, dourado, muita estampa animal e muitas franjas nas fantasias e carros alegóricos. Estes, aliás, foram ultrapassavam os 15 metros de altura e esbanjaram rebuscamento. 

O abre-alas representou baobá, a árvore da vida, com esculturas grandiosas revestidas de madeira e estampa de leopardo. Já o segundo carro teve inspiração no reino animal africano, com fantasias de zebras, guepardos, onças, girafas e leões, enquanto o terceiro representou o Egito, com uma representação de Cleópatra no centro.

Independente Tricolor

Com um enredo também inspirado na África, mas desta vez contando a história das guerreiras Agojie, um exército feminino do Reino de Daomé (atual Benin), a Independente Tricolor fez a alegria da arquibancada com um samba envolvente.

Tatuapé

O segundo grande destaque da noite veio logo em seguida, quando a Acadêmicos do Tatuapé apresentou o samba “Mata de São João — uma joia da Bahia, símbolo de preservação! Entre cantos e tambores. Viva a mata de São João!” para o sambódromo, uma homenagem ao município baiano que fica na Região Metropolitana de Salvador que abriga a Praia de Imbassaí.

Mancha Verde

O dia amanhecia quando a Mancha Verde apresentou seu samba “Do nosso solo para o mundo: o campo que preserva, o campo que produz, o campo que alimenta” acompanhado de muitos animais, flores, frutas e alusões à estética caipira. Foi um desfile bastante lúdico, e um dos carros trazia três grandes porcos controlando drones — misturando a referência ao clássico de George Orwell, “Revolução dos Bichos”, a uma estética mais divertida com crianças usando máscaras de porquinhos. A bateria, um dos pontos altos da escola que nasceu da principal torcida organizada do Palmeiras, contou com o brilho de Viviane Araújo, rainha de bateria da escola há 19 anos.

Rosas de Ouro

A Rosas de Ouro resolveu exaltar o Parque Ibirapuera, que completa 70 anos em 2024. Sob um animado “amanheceu, que tal a gente erguer as mãos pro céu e agradecer a Deus o prazer de estar aqui”, a escola da Brasilândia recebeu o sol das 6h da manhã com um carro repleto de ciclistas pedalando a mais de 15 metros de altura, uma quadra de basquete para o meio da avenida, um planetário para um carro alegórico e uma profusão de flores, borboletas, tucanos e cores saturadas para representar toda a diversidade do maior parque da capital A escola, que no ano passado amargou um 12º lugar e se aproximou do rebaixamento, fechou a primeira parte dos desfiles em alto astral com o sambódromo inteiro cantando seu samba com ares primaveris, e ainda homenageou de forma singela a cantora Rita Lee, cujo velório ocorreu no ano passado no Planetário do Ibirapuera.


Fonte: O GLOBO