Enquadramento previsto na lei Argentina vem sendo recorrentemente usado com brasileiros que afirmam ter a documentação correta para entrar no país
Brasileiros afetados contam ter apresentado os documentos de identificação, como matrículas universitárias e comprovantes de hospedagem, mas mesmo foram classificados como “falso turista” e mandados de volta ao Brasil.
As histórias de frustração se repetem, já que dezenas de brasileiros se prepararam para se mudar para o país vizinho na condição de estudante. Quem já passou pela experiência, afirmou que o processo foi “humilhante” e “xenofóbico”.
Segundo dados divulgados pelo Itamaraty, até 2022, dez mil universitários brasileiros estavam na Argentina. O aumento se deu após 2004, quando selou-se o acordo que estabelece direitos aos cidadãos dos dois países, possibilitando que permaneçam em solo estrangeiro durante 90 dias, prazo que pode ser prorrogado.
Segundo o próprio governo argentino, a categoria de turista serve para quem entrar no país com o “propósito de descanso e lazer” e, para isso, deve apresentar a documentação necessária para tal.
Entre os documentos aceitos estão um documento de identificação e uma passagem de ida e volta. Além disso, a migração pode pedir demonstração de dinheiro em cartão de crédito, comprovante de reserva de hospedagem e carta-convite.
Entre os procedimentos padrões realizados pelos agentes de imigração, em caso de suspeitas de irregularidades, estão o pedido de informações adicionais, questionamento sobre residência permanente, dados profissionais do Brasil, laços familiares e período completo de estadia na Argentina.
Caso a autoridade conclua que a pessoa não está lá para passear como turista, o passageiro deverá ser registrado no sistema como “Falso Turista”, e será encaminhado para um voo de volta ao Brasil.
A ação estaria alinhada às novas políticas propagadas pelo presidente da Argentina, Javier Milei, que compartilha um discurso contrário a imigração de pessoas de origem sul-americana. Segundo o Ministério do Turismo argentino, 20% dos estrangeiros que viajaram ao país eram brasileiros. Sobre os viajantes que foram enquadrados como “falsos turistas”, o Ministério do Interior da Argentina afirma que eles não foram “deportados” e podem tentar entrar no país novamente caso apresentem os “documentos corretos”.
Fonte: O GLOBO
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