Não existe mais como argumentar a favor do prosseguimento desse conflito que provocou uma catástrofe humanitária no território, com 30 mil palestinos mortos

Um cessar-fogo humanitário imediato na Faixa de Gaza deve ser a prioridade da comunidade internacional nesse momento. Não existe mais como argumentar a favor do prosseguimento dessa guerra que provocou uma catástrofe humanitária no território, com 30 mil palestinos mortos, segundo autoridades de saúde locais, ligadas ao Hamas — a Organização Mundial de Saúde diz que os números são críveis e o Departamento de Estado dos EUA indicou trabalhar com números similares. 

O secretário da Defesa norte-americano, perguntado no Congresso sobre quantas mulheres e crianças palestinas morreram, respondeu que 25 mil. Diante a repercussão, o Pentágono tentou voltar atrás na declaração.

Difícil saber o número preciso, mas milhares, ou dezenas de milhares de palestinos, morreram. Um número bem maior ficou ferido. Um quarto dos pouco mais de 2 milhões de habitantes do território passa fome, segundo a ONU. O desespero ficou claro quando vimos ontem morrerem cerca de 100 palestinos desesperados por comida. Mais de 20 mil crianças ficaram órfãs. Cerca de 8 em casa 10 pessoas foi forçadas a deixar suas casas. A cidade de Gaza no Norte, que era a maior do território, praticamente não existe mais. Viraram ruínas.

Crianças sofrem amputações sem anestesia, de acordo com o diretor da organização a Médicos Sem Fronteiras. Pacientes de diabetes, câncer e AIDS e os que dependem de diálise não conseguem prosseguir com seus tratamentos. Começam a haver surtos de doenças. Sem banheiros e em meio a um caos sanitário, muitos pegam infecções no aparelho digestivo. Mulheres estão acesso a absorvente. Falta papel higiênico.

Diante desse inferno, a única solução é a guerra acabar já. O Hamas já foi derrotado, mas não será eliminado mesmo que Israel siga com suas ações militares por meses. Basta lembrar do fiasco israelense no Sul do Líbano por duas décadas e do fracasso dos EUA no Afeganistão.

Quando houve um cessar-fogo em novembro, 100 reféns foram soltos em troca de prisioneiros palestinos. Nenhum palestino morreu em função das ações militares de Israel. Hezbollah não lançou nenhum míssil contra o Norte israelense. Os Houthis tampouco lançaram mísseis contra embarcações no Mar Vermelho. É óbvio que essa alternativa seria muito melhor do que o prosseguimento do conflito e a multiplicação de mortes de crianças ainda mais com uma provável ofensiva a Rafah.

O futuro de Gaza seria definido durante o cessar-fogo, e não em meio à guerra, que precisa acabar.


Fonte: O GLOBO