Relatório aponta que resíduos produzidos podem dar uma volta completa ao redor da Linha do Equador
Um comunicado emitido pela Organização das Nações Unidas (ONU) indica que em 2022 foi produzido um total de 62 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos. Segundo o documento, os números irão aumentar cerca de 32% até 2030, se não houverem medidas.
A geração mundial de resíduos eletrônicos aumenta cinco vezes mais rápido que a reciclagem destes materiais, revelou o comunicado do Monitor Mundial de Resíduos Eletrônicos (Gem) da ONU. O relatório da União Internacional de Telecomunicações e do Instituto das Nações Unidas destaca que as 62 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos gerados em 2022 correspondem a 1,5 milhões de caminhões de 40 toneladas, o suficiente para dar uma volta completa na linha do equador.
Entretanto, apenas cerca de 22,3% da massa anual de lixo eletrônico foi coletada e reciclada adequadamente em 2022, deixando 62 bilhões de dólares, aproximadamente R$ 309 bilhões, em recursos naturais não contabilizados e aumentando os riscos de poluição em todo o mundo.
Estudo do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGVcia) afirma que há 249 milhões de smartphones em uso no Brasil — Foto: Pixabay
A geração mundial de resíduos eletrônicos está aumentando em 2,6 milhões de toneladas por ano, caminhando para alcançar os 82 milhões de toneladas em 2030, o que supõe uma nova subida de 32% em relação a 2022.
Perigo para saúde e meio ambiente
Os resíduos eletrônicos, qualquer produto descartado com um plugue ou bateria, colocam em risco a saúde e o meio ambiente, já que contém aditivos tóxicos ou substâncias perigosas, como o mercúrio, que pode danificar o cérebro humano e a coordenação motora, alerta o documento.
“De televisores a telefones celulares, uma enorme quantidade de lixo eletrônico é gerada em todo o mundo. As pesquisas mais recentes mostram que o desafio global representado por esse lixo só tende a crescer. O fato de que menos da metade do mundo está implementando e aplicando abordagens para gerenciar o problema faz soar o alarme para uma regulamentação forte que aumente a coleta e a reciclagem”, afirma Cosmas Luckyson Zavazava, Diretor do Escritório de Desenvolvimento de Telecomunicações da União Internacional de Telecomunicações.
“O Monitor Mundial de Resíduos Eletrônicos é a principal fonte de dados do mundo sobre o lixo eletrônico, o que nos permite monitorar e tomar decisões críticas em relação à transição para uma economia circular de produtos eletrônicos”, explica Zavazava.
O relatório prevê um declínio na taxa de coleta e reciclagem documentada de 22,3% em 2022 para 20% em 2030, devido à lacuna cada vez maior entre os esforços de reciclagem e o crescimento exponencial da geração de lixo eletrônico.
Ciclos de vida curta e eletronificação
Os desafios que contribuem para o aumento da lacuna incluem o progresso tecnológico, o aumento do consumo, as opções limitadas de reparo, os ciclos de vida mais curtos dos produtos, a crescente eletronificação da sociedade, as deficiências de design e a infraestrutura inadequada de gerenciamento de lixo eletrônico.
Segundo o documento, caso os países consigam aumentar os índices de coleta e reciclagem para 60% até 2030, os benefícios — incluindo a minimização dos riscos à saúde humana — superariam os custos em mais de 38 bilhões de dólares (R$ 189 bilhões).
Dependência em terras raras
Além disso, o relatório aponta que o mundo “continua incrivelmente dependente” de alguns países em relação aos elementos de terras raras, apesar de suas propriedades exclusivas serem cruciais para tecnologias futuras, como a geração de energia renovável e a mobilidade eletrônica.
Nesse sentido, de acordo com Kees Baldé, pesquisador da Instituto das Nações Unidas e principal autor do relatório, “não mais do que 1% da demanda por elementos essenciais de terras raras é atendida pela reciclagem de lixo eletrônico. Esse novo estudo representa um pedido imediato de maior investimento no desenvolvimento de infraestrutura, maior promoção de reparo e reutilização, capacitação e medidas para impedir o envio ilegal de lixo eletrônico. E o investimento mais do que se pagaria”, conclui.
Fonte: O GLOBO
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