Votação começou, de maneira antecipada, em algumas áreas isoladas e em territórios ocupados na Ucrânia, e segue até o domingo

O primeiro dia das eleições presidenciais na Rússia, que começou nesta sexta-feira, tem sido marcado por vários incidentes no país. Em São Petesburgo, uma mulher lançou um coquetel molotov contra uma escola que servia como centro eleitoral. As autoridades locais afirmaram que “o ato ilícito foi rapidamente contido pela polícia” e que ninguém ficou ferido. Em Moscou, outra mulher ateou fogo a uma cabine de votação. As atividades foram retomadas após o caso.

Também nesta sexta-feira, investigadores de Moscou disseram que abriram um processo criminal contra uma mulher que derramou tinta verde em uma urna. Um vídeo do incidente divulgado pela imprensa estatal mostra o momento em que uma jovem deposita seu voto e, na sequência, despeja a tinta na urna plástica transparente. Ela foi detida por policiais e acusada de “obstruir o exercício dos direitos eleitorais ou o trabalho das comissões”, publicou a agência Reuters.

Em Skadovsk, cidade do sul da Ucrânia ocupada pela Rússia, um artefato explosivo foi colocado dentro de uma lata de lixo e detonado em um recinto eleitoral. A Comissão Eleitoral de Kherson afirmou que não houve vítimas ou feridos. A mesma fonte disse que a Ucrânia bombardeou locais de votação na cidade ocupada de Kakhovka.

Os russos começam nesta sexta-feira a votar em uma eleição presidencial cujo resultado parece definido antes mesmo do fechamento das urnas. Sem concorrentes viáveis ou que ameacem seu favoritismo, Vladimir Putin deve garantir ainda no primeiro turno mais um mandato e permanecer no cargo até 2030, pelo menos. A votação começou, de maneira antecipada, em algumas áreas isoladas e em territórios ocupados na Ucrânia, e segue até o domingo.

A confiança em uma nova vitória — que seria a quinta desde 2000 — foi tanta que o presidente sequer fez campanha ou participou de debates. Em agosto do ano passado, antes da confirmação da candidatura, o secretário de Imprensa do Kremlin, Dmitry Peskov, disse em uma sincera entrevista ao New York Times que, além de esperar uma reeleição fácil, considerava que a disputa “não era realmente uma democracia, mas sim uma custosa burocracia”.

Pouco depois, Peskov afirmou ao site RBK ter sido mal interpretado pelo jornal americano, mas completou afirmando que “teoricamente” a votação não era necessária porque “era óbvio que Putin será reeleito”. Com frequência também são citados os números de aprovação do presidente: na sondagem mais recente, de fevereiro, o instituto independente Levada estimou que a popularidade dele é de 86%.


Fonte: O GLOBO