Ministros foram a público exaltar que a elucidação ocorreu graças ao empenho do atual governo

Em meio à crise de segurança pública, área na qual o governo ainda patina, ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitaram para usar o desfecho da investigação da morte da vereadora Marielle Franco em comparações com o desempenho das apurações que ocorreram durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Integrantes do primeiro escalão foram a público exaltar que a elucidação ocorreu graças ao empenho do atual governo.

A Polícia Federal prendeu preventivamente na manhã de domingo três suspeitos na investigação que apura a morte de Marielle e do motorista Anderson Gomes. O deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ) e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio Domingos Brazão são suspeitos de serem mandantes do crime, enquanto o delegado Rivaldo Barbosa, que chefiou a Polícia Civil do Rio, teria atuado para protegê-los.

Em coletiva de imprensa, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski afirmou que a prisão dos mandantes do crime é uma "vitória do Estado brasileiro". Também ressaltou que a fase mais importante das investigações ocorreu a partir da eleição de Lula:

— Este momento é extremamente significativo, é uma vitória do Estado brasileiro, das nossas forças de segurança do país com relação ao combate ao crime organizado — disse. — Esta etapa mais importante das investigações foi vencida a partir da eleição e da posse do novo governo. E quando, com muita disposição e energia, se colocou a Polícia Federal e o meu antecessor, o ministro Flávio Dino, a serviço da elucidação desse crime.

Ao longo da fala, fez uma defesa das instituições e do governo e também destacou que a superintendência do Rio de Janeiro abriu inquérito "apenas em fevereiro do ano passado, depois de cinco anos que a política local patinava. A pasta comandada por Lewandowski enfrenta um momento turbulento com a tentativa, ainda sem resultados, de encontrar dois presos que fugiram da penitenciária de Mossoró — foi a primeira fuga da história no sistema carcerário federal.

A ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, disse ao GLOBO que fez diferença a gestão de Lula e o empenho da Polícia Federal no caso desde o ano passado e afirmou que, no governo passado, "zombavam" da morte da vereadora. No domingo, Anielle conversou com Lula por telefone:

— E vou repetir algumas vezes da importância da gente estar num governo progressista e democrático, num governo que dá resposta. Antes eles zombavam da morte da Mari. Recebi hoje ligação do presidente dando força para família, do comprometimento da Polícia Federal. Isso faz diferença. A gente está brigando pela democracia. A Janja me ligou, falei com ela e com o presidente, estão felizes pelo passo dado, pelo fortalecimento da democracia, então estamos próximos, mas ainda sabemos que falta coisa, mas é importante dizer que isso tá acontecendo nesse governo.

À frente da Secretaria de Comunicação Social (Secom), o ministro Paulo Pimenta relacionou o governo ao avanço do desfecho da investigação e afirmou que "houve vontade política de solucionar o caso". Pimenta também trata como "decisivo" o fato da PF ter passado a investigar o caso:

—Desde o início mandato do presidente Lula em janeiro de 2023, medidas foram tomadas e equipes da Polícia Federal autorizadas pelo Ministério da Justiça se somaram às investigações. Tais medidas foram decisivas para o esclarecimento do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson. —As investigações sobre o assassinato de Marielle e Anderson avançaram mais em pouco mais de 1 ano de governo do Presidente Lula que nos últimos 5 e isso é ilustrativo. 

Houve vontade política de solucionar o caso. A Polícia Federal cumpriu o seu papel, abriu um inquérito e passou a investigar o crime pela primeira vez, uma mudança decisiva do Ministério da Justiça que serve de exemplo para outros crimes não solucionados.

O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, foi às redes sociais falar sobre a relação entre política, instituições e milícias:

— Política, instituições e milícias nunca poderiam se quer se encontrarem, nunca isso deveria ser naturalizado por ninguém.

O advogado-geral da União, Jorge Messias, acrescentou que a prisão dos suspeitos de serem os mandantes do assassinato da vereadora Marielle é uma "vitória da Justiça brasileira".

– Digo que hoje é uma vitória da Justiça brasileira e quero dizer que quem acredita na justiça brasileira, quem persevera, aposta corretamente – disse o chefe da AGU em um evento realizado neste domingo.


Fonte: O GLOBO