Articuladores da campanha de Fuad Noman, que tentará se manter no posto, dizem que o presidente acenou com apoio, mas petistas lançaram a pré-candidatura de Rogério Correia

A sete meses das eleições, a disputa pela prefeitura de Belo Horizonte tem oito pré-candidatos que disputam apoios na tentativa de se viabilizar. O prefeito Fuad Noman (PSD) tentará a reeleição com o endosso de partidos de centro, mas tenta atrair a esquerda, que já lançou os deputados federais Rogério Correia (PT) e Duda Salabert (PDT), além da estadual Bella Gonçalves (PSOL).

O apoio mais cobiçado neste campo político é o do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem em sua base esses quatro partidos. Até o momento, o nome que tem o aval do governo federal é o de Correia, lançado na semana passada.

Nos bastidores, articuladores da campanha de Fuad garantem que Lula teria afirmado ao prefeito que deseja apoiá-lo. A conversa entre os dois se deu em Belo Horizonte durante a última visita do petista à cidade, em fevereiro.

Pré-candidatos lançados — Foto: Editoria de Arte

Estratégia petista

Neste contexto, a estratégia do PT seria manter a candidatura de Correia até o limite autorizado pela Justiça Eleitoral, a fim de se posicionar com mais força no jogo político. Depois, então, o partido abraçaria a campanha de Fuad.

— Temos conversas encaminhadas com o MDB, União Brasil, PP e é claro que a gente deseja um avanço na relação com o presidente Lula, que hoje tem pré-candidato, mas que até lá a gente acredita que seja possível um alinhamento — diz o presidente estadual do PSD, Cássio Soares.

O que também pesa contra Correia é a proximidade de nomes do PV, que integra a federação do PT, com Fuad.

Apesar dessas costuras, lideranças do PT marcaram presença no lançamento da pré-candidatura de Correia, como a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, e os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Cida Gonçalves (Mulheres).

Ao GLOBO, Correia afirmou que seu relacionamento com Lula o ajudará a conseguir recursos para a cidade, caso seja eleito.

— Belo Horizonte pode mais que Fuad Noman. O prefeito não é bem avaliado.

Uma incógnita é a postura do ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD). De um lado, articuladores do PSD afirmam que Kalil apoiará Fuad, que foi seu vice. Mas o ex-chefe do Executivo também tem sido procurado por pré-candidatos da esquerda, como Duda Salabert.

— Para além do apoio popular, é muito importante fazer construção com políticos que tiveram experiência no Executivo. Por isso, tenho falado com ex-prefeitos. Tenho uma aproximação com Alexandre Kalil. É uma atitude republicana, os interesses da cidade têm que estar acima dos partidos — disse Salabert.

No ano passado, o PT chegou a discutir a possibilidade de apoiar Salabert, primeira deputada transexual de Minas, o que provocou divergências no partido. Um dos que se opôs foi o vice-presidente nacional Washington Quaquá, que defendeu a necessidade de reconquistar o eleitor conservador nos costumes.

No PDT, dirigentes defendem a viabilidade eleitoral de Salabert. É o caso do presidente estadual Mário Henriger:

— Duda não defende uma única bandeira, não está ali preocupada apenas com a identidade de gênero. Ela é muito maior que isso e é mais preparada que muitos candidatos. Esse olhar é preconceituoso.

Outra disputa é travada na federação PSOL-Rede. Apesar de Bella Gonçalves ter se lançado pré-candidata, o partido aliado colocou dois nomes à disposição, o do porta-voz Paulo Lamac e o da deputada estadual Ana Paula Siqueira. A psolista, contudo, nega que o movimento tenha gerado rusga interna:

— Deixamos claro que o PSOL não vai abrir mão de ser cabeça de chapa.

Aposta bolsonarista

Enquanto a esquerda se pulveriza, o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro se concentra em torno da pré-candidatura do deputado estadual Bruno Engler (PL). Ele tenta atrair o Republicanos e o governador Romeu Zema (Novo).

Zema, no entanto, indica que não se posicionará. No PL, a avaliação é de que o deputado federal Nikolas Ferreira seria um nome melhor para aglutinar apoios, mas o parlamentar teria sinalizado que não deseja concorrer.

— Tenho deixado a porta aberta para o governador Zema, acho que ainda é possível uma composição. Eu conversei com Nikolas, disse que faria campanha para ele, mas ele disse que está fechado comigo e não tem a menor intenção de concorrer — diz Engler.

Ele disputa o campo da direita com o senador Carlos Viana (Podemos), que também faz parte da base de apoio de Bolsonaro.


Fonte: O GLOBO