Matheus Simões é opção para governador de Minas, que não poderá concorrer à reeleição, para manter grupo político no poder
Em seu segundo mandato em Minas Gerais e sem poder disputar uma nova reeleição, o governador Romeu Zema (Novo) tem dado cada vez mais destaque ao seu vice e provável nome para concorrer à sua sucessão em 2026, Professor Matheus Simões (Novo). Recentemente, Simões intensificou suas agendas pelo estado e tem liderado o diálogo com a base governista na Assembleia Legislativa.
De acordo com dados obtidos no Portal da Transparência do governo, entre janeiro e fevereiro deste ano, o vice-governador fez 17 viagens — total equivalente a 36,9% das agendas de 2023, quando em 12 meses realizou 46 agendas fora de Belo Horizonte.
Até o momento, Simões esteve nas cidades de Pouso Alegre, Montes Claros, Araxá e Passos, além de ter ido a Brasília para representar o governo em reuniões sobre a renegociação da dívida pública, que hoje já ultrapassa os R$ 170 bilhões. Também passou por Porto Alegre e esteve em Paris.
A movimentação de interiorização de sua figura é similar à estratégia traçada pelo próprio governador em seu mandato passado, quando viajou por todo o estado, consolidando sua imagem e garantindo a reeleição em primeiro turno. Ao GLOBO, Simões diz seguir um pedido pessoal de Zema:
— Eu e o governador sempre passamos dois dias fora de BH, dois ele e dois eu. Ele me pediu para dividir a tarefa com ele. Nada muito fora do comum.
Racha na primeira gestão
A atitude de Zema em relação a Simões se diferencia de seu primeiro mandato, quando rompeu com o seu vice, Paulo Brant. Em 2020, ele trocou o Novo pelo PSB alegando que o partido se recusava a formar uma coalização política para aprovar projetos na Assembleia. A rixa aumentou em 2022, quando concorreu contra o governador, na chapa de Marcus Pestana (PSDB).
Simões não esconde seu desejo em ser candidato a governador em 2026, mas enfrenta como principal impasse o desconhecimento de seu nome. Antes de assumir a vice-governadoria, ele exerceu um mandato de vereador na capital mineira. Em 2020, foi nomeado secretário-geral de Zema.
Em importantes momentos da gestão, Zema tem deixado o vice tomar à frente. Sua agenda inclui entrega de obras, entrevistas em jornais e encontros com lideranças. Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Minas pela primeira vez em seu atual mandato, em fevereiro deste ano, foi Simões quem recebeu o petista no aeroporto. Ele descreve a relação com Lula como “amena” e “republicana”.
Já no início deste mês, quando o governo federal realizou um evento em Araxá, reduto de Zema, o governador quebrou o protocolo e deixou seu vice discursar. O chefe do Executivo mineiro justificou o gesto inédito com base na história de Simões, que teria conhecimento sobre a realidade do pequeno agricultor, impactado pelo complexo de produção de fertilizantes que estava sendo inaugurado.
— Vou quebrar o protocolo. A minha fala vai ser muito rápida, mas eu quero escutar uma pessoa que é a mais impactada pelo que está acontecendo aqui hoje, que é o produtor rural. E vai ter aqui uma fala muito breve de um produtor rural muito próximo aqui de mim, que é o vice-governador — discursou Zema.
Tido como uma das maiores dificuldades do governo Zema, o diálogo com a Assembleia Legislativa também tem sido tocado de perto pelo vice-governador. Desde janeiro, Simões tem promovido jantares com deputados da base ou independentes. Em fevereiro, ele se reuniu com o grupo político do secretário da Casa Civil, Marcelo Aro, que tem dez parlamentares na Casa.
Na semana passada, Simões recebeu deputados estaduais da base em sua casa para um jantar, na tentativa de conter atritos. Segundo o vice-governador, a conversa girou em torno da dívida pública do estado, um dos maiores impasses atuais da gestão Zema:
— Estive com nossos deputados. Como começará o movimento de eleições, precisei sentar logo antes para reunir todo mundo. Acho que vamos ter pautas que vão ser importantes e preciso da nossa base ciente de que precisaremos votar o modelo proposto pelo governo federal com rapidez.
Na terça-feira, Zema se encontrou com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que apresentou proposta de renegociação para diminuir as taxas de juros das dívidas do estado em troca de investimento no ensino médio técnico.
Sobre a disputa em 2026, Simão diz que seu nome ainda não é um consenso:
— Enquanto não saímos de 2024, fica difícil pensar em 2026, mas seguimos trabalhando para uma sucessão unificada. Meu nome aparece com naturalidade, mas ainda temos o senador Cleitinho (Republicanos) e o deputado Nikolas Ferreira (PL).
Fonte: O GLOBO
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