Paola Rodrigues, de 13 anos, foi morta a tiros por homens que invadiram a sua casa. PF acredita que assassinato tenha ligação com batalha pela liderança da reserva

Uma disputa sangrenta entre indígenas pela liderança da reserva Cacique Doble, na região norte do Rio Grande do Sul, que teve como mais recente capítulo a morte da adolescente Paola Rodrigues, de 13 anos, é pano de fundo de mais uma fase da chamada Operação Menés, da Polícia Federal, que mobiliza 130 policiais, nesta quarta-feira (20), e já cumpriu oito mandados de prisão.

A ação, afirma a PF, tem como objetivo restabelecer a ordem pública na terra indígena e, também, apurar a autoria e as circunstâncias da morte da menina de 13 anos, ocorrida no dia 4 de dezembro de 2023. Além dela, outros dois irmãos adolescentes, que estavam na casa da família no momento em que ela foi invadida, foram baleados, mas sobreviveram aos ferimentos.

Os investigadores já sabem, no entanto, que o conflito armado que acontecia naquele dia tinha como motivação a disputa pelo poder. À época, a Força Nacional foi enviada para apaziguar a situação. Ao todo, a operação visa cumprir 13 mandados de busca e apreensão e 11 de prisão, sendo cinco preventivas e seis temporárias.

Paola Rodrigues, de 13 anos: adolescente foi morta em ataque à sua casa, na T.I. Cacique Doble, no RS — Foto: Reprodução

Escola e postos de saúde fechados

O inquérito da Polícia Federal narra que a nova onda de conflitos na aldeia começaram em agosto de 2022, quando quatro indígenas foram vítimas de tentativas de homicídio por disparos de armas de fogo. Na ocasião, três líderes da Terra Indígena foram presos preventivamente. Depois disso, o grupo opositor tomou o poder, mas não houve aceitação por parte dos apoiadores do cacique anterior.

Morte de menina de 13 anos: imagens que constam no inquérito da PF mostram casa destruída na T.I. Cacique Doble, RS — Foto: Reprodução / PF

A disputa pelo poder gerou um conflito permanente, com uma série de crimes praticados pelos dois grupos rivais, como homicídios, tentativas de homicídio, lesões corporais, danos, porte ilegal e disparos de armas de fogo, ameaças, incêndios criminosos e formação de milícias privadas. Desde então, três pessoas já foram mortas. Por conta da violência, as aulas e o atendimento no posto de saúde da comunidade chegaram a ser interrompidos durante um período no ano passado.


Fonte: O GLOBO