José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, acaba de vender seu catálogo de direitos autorais musicais para a MUV Capital, braço de ativos financeiros oriundos de bens culturais da gestora de investimentos alternativos Hurst Capital.

O portfólio do empresário e ex-diretor da TV Globo, juntamente com o dos compositores Cecilio Nena e Pancadinha, inclui a música tema original de abertura do Fantástico, além de sucessos como “Tieta”, tema da novela de mesmo nome.

O catálogo completo foi avaliado em R$ 860 mil. Boni vai vai doar a sua parte (aproximadamente 30% do catálogo) integralmente para o Retiro dos Artistas, instituição de longa permanência no Rio que acolhe artistas idosos em situação de vulnerabilidade.

— Eu sabia que essa prática de antecipação de direitos autorais existia há muito tempo no mercado americano e europeu, mas não tinha a dimensão de que era tão fácil fazer isso aqui no Brasil — disse Boni.

A negociação foi realizada por meio da Veridis Quo, empresa fundada em 2022 por Bruno Boni, filho caçula do empresário, e que atua na originação, marketing e distribuição de ativos financeiros.

INVESTIMENTO

O fluxo de direitos autorais a receber do catálogo será convertido em valores mobiliários negociáveis. A oferta pública dos ativos ocorrerá por meio de uma operação de securitização de certificados de recebíveis, dentro das normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), com distribuição pela Hurst Capital.

A expectativa de retorno para os investidores — dentro de um cenário base — é de 16% ao ano, em um prazo de 36 meses. Essa é a primeira operação no formato de securitização. Até então, os investimentos baseados em fluxos de royalties culturais eram feitos por meio de tokens.

— Adquirir os royalties do Boni é um marco importante, pois mostra que o modelo de transformar música em investimento está se difundindo no setor de entretenimento — diz a diretora operacional da MUV Capital, Ana Gabriela Mathias. — Agora, cada vez que a música tema de abertura do Fantástico for executada, seja no domingo, quando o programa é transmitido, ou a qualquer momento, por meio de plataformas de streamings, os investidores verão o capital aplicado crescer.

A Hurst Capital estreou no negócio de aquisição de direitos autorais musicais para conversão em investimentos em 2020. Atualmente, a gestora tem uma carteira de R$ 170 milhões em catálogo de música — que geram um retorno médio de IPCA + 19% a.a.

São 216 catálogos de artistas brasileiros dos mais diferentes gêneros musiciais, compreendendo 53.534 obras e 34.889 fonogramas de artistas como Paulo Ricardo, Toquinho, Amado Batista, o pianista e compositor João Luiz de Avellar.


Fonte: O GLOBO