Jaqueline Tedesco, de 26 anos, estava no local para comemorar sua formatura no curso de Direito. ela sofreu graves queimaduras no queixo, braços, seios e mãos
A família da indígena Jaqueline Tedesco, de 26 anos, da etnia kaingang, que teve 30% do corpo queimado após um acidente com um fondue em um restaurante, disse que ela não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital. O falecimento da jovem foi confirmado por parentes num grupo de WhatsApp com jornalistas e pelas redes sociais. A Polícia Civil do Rio Grande do Sul investiga o caso.
Jaqueline estava acompanhada de familiares e amigos num restaurante do município de Rio Grande, no RS, no último sábado, quando sofreu graves queimaduras no queixo, braços, seios e mãos. Na ocasião, ela comemorava sua formatura no curso de Direito.
Família confirma morte de jovem indígena que sofreu queimaduras durante celebração com a família no RS — Foto: Reprodução/WhatsApp
Segundo o delegado Maiquel Fonseca, na quinta-feira a Polícia Civil cumpriu mandado de busca e apreensão no restaurante a fim de apreender o aparelho de DVR e verificar as imagens.
— Já foram ouvidos os proprietários e algumas outras testemunhas. As oitivas seguem hoje e nos próximos dias. Também serão expedidos ofícios às autoridades fiscalizadoras a fim de aferir a regularidade das licenças necessárias à operação do restaurante — afirmou o delegado.
Ainda de acordo com o delegado, como os proprietários alegaram que o DVR não guardava as imagens das câmeras, o aparelho será encaminhado à perícia no Instituto Geral de Perícia.
Acidente
O acidente aconteceu no momento em que o rechaud, uma espécie de fogareiro usado na preparação de fondue, foi reabastecido. Além de Jaqueline, uma funcionária também se feriu, e as duas foram levadas para unidade hospitalar. Familiares da jovem alegaram que ouve “omissão de socorro e negligência do estabelecimento”.
Pelas redes sociais, o namorado de Jaqueline confirmou o falecimento e fez uma homenagem para a indígena. Jariel Zacca, estudante quilombola de Educação Física, revelou que o casal pretendia subir ao altar ainda em 2024.
"Com imensa dor no coração, comunico o falecimento da minha amada namorada. Tínhamos muitos planos para a nossa vida e o maior deles era o sonho de nos casar no final do ano, mas infelizmente não se realizou. Você me fez o homem mais feliz deste mundo, e nossa frase 'Para todo sempre' será eternizada em minha pele, pode ter certeza disso. Você nunca será apenas um adeus. Descanse em paz, meu amor", destacou Jariel.
Post de namorado para indígena morta em acidente com fondue no RS — Foto: Reprodução/Instagram
Na postagem, Jariel afirmou que nunca havia amado tanto uma pessoa, como amava Jaqueline. Ele agradeceu pelos momentos que viveu ao lado da jovem e prometeu se formar e cuidar da mãe dela.
A indígena estava em coma induzido na unidade de tratamento intensivo (UTI ) do hospital geral Associação de Caridade Santa Casa, já sem previsão de alta. Nas redes sociais, o restaurante Le Petit divulgou uma nota em que lamenta o ocorrido, pede desculpas às vítimas e informou que presta assistência.
Indígena tem 30% do corpo queimado após acidente com fondue em restaurante no RS — Foto: Reprodução Redes Sociais
“Estamos no mercado desde 2009, sem nenhuma ocorrência, pois utilizamos materiais adequados. Estamos trabalhando diligentemente para entender a causa exata e implementar medida preventiva para garantir que tal fato não aconteça novamente”, diz trecho da nota.
Nota restaurante Le Petit — Foto: Reprodução Instagram
Pelo Instagram, o namorado de Jaqueline afirmou que somente após a repercussão do caso, o estabelecimento procurou familiares e agora estão à disposição para ajudar a família.
Jaqueline foi a quarta indígena a se formar em Direito pela Universidade Federal de Rio Grande (Furg), sendo a primeira mulher indígena a ocupar a coordenação-geral do DCE (Diretório Central de Estudantes) da universidade.
Fonte: O GLOBO
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