Conversas sobre federação com o PP também podem avançar com nova cúpula da legenda
Após a discussão das estratégias para o pleito municipal deste ano, uma das possibilidades é fazer uma ampla avaliação sobre o apoio do partido ao governo Luiz Inácio Lula da Silva. Hoje, o União Brasil é responsável pela indicação de três ministérios. No longo prazo, as conversas sobre uma federação com o PP também podem ser aprofundadas.
No curto prazo, figuras importantes da legenda acreditam que não vale a pena discutir a retirada do apoio ao governo. A situação atual é vista como cômoda, já que a legenda comanda as pastas de Turismo (Celso Sabino), Comunicações (Juscelino Filho) e Integração (Waldez Góes), ao mesmo tempo que possui liberdade para o posicionamento de parlamentares de oposição.
Uma possível mudança de rota poderia ainda atrapalhar a candidatura de Elmar Nascimento (BA) à sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara, com possibilidade de retaliação do governo. Além disso, há receio da perda de influência sobre a máquina federal e o poder de barganha em negociação com a articulação política do governo Lula.
Por outro lado, há pressões crescentes para que a sigla dê apoio ao governador de Goiás, Ronaldo Caiado, no seu projeto de disputar a Presidência da República em 2026. Na disputa entre Bivar e Rueda, Caiado saiu fortalecido e terá influência relevante sobre a cúpula.
Na quarta-feira, após o partido abrir o processo que pode afastar ou expulsar Bivar, Rueda prometeu diálogo sobre todos os assuntos.
— A Executiva vai deliberar sobre isso (apoio ao governo). A partir de junho, o partido vai ter um novo norte, de diálogo, da democracia, do colegiado. E pode ter certeza de que esse colegiado vai trilhar o caminho que o partido vai tomar em relação ao governo, em relação aos estados — disse Rueda: — Desde que o partido foi fundido (DEM e PSL), só tivemos duas reuniões (da Executiva). Da convenção até hoje, já fizemos três reuniões.
ACM Neto, novo vice-presidente, fez questão de afirmar, porém, que "não há o que reavaliar" em relação ao apoio ao governo porque o partido sequer se reuniu para debater o assunto durante a transição.
— A partir da reorganização interna, nós vamos sentar para discutir política. A pauta mais imediata é a eleição municipal. Nós não vamos tratar neste momento de nada que não seja isso, o foco principal. Mas vamos começar a falar de política — disse o ex-prefeito de Salvador.
No fim de 2022, a entrada do União Brasil no governo foi debatida entre Lula, Bivar e o senador Davi Alcolumbre (AP), sem passar pelo crivo da maioria dos parlamentares da sigla.
Outra discussão que pode ser aprofundada é a federação entre o União e o PP. No dia da convenção que elegeu Rueda, Elmar fez uma defesa enfática da composição. No local, estava presente o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), que tem boa relação com o presidente eleito.
— O PP é um partido irmão. Espero que amanhã a gente possa voltar a discutir a federação, porque você (Ciro Nogueira) sabe que defendo e é importante para o Brasil. Hoje, a gente renasce de uma forma positiva — disse Elmar.
Fonte: O GLOBO
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