Os times foram mais eficientes ao anular o rival do que ao propor soluções para criar chances de gol
Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, traçou um paralelo entre o 0 a 0 de domingo e a vitória de seu time por 4 a 3 na Supercopa, há cerca de 15 meses. Disse que aquele jogo de muitos gols fora “taticamente mal jogado”. Tem razão, afinal se tratava de um encontro de início de temporada, entre times desajustados. Sobravam espaços. Ocorre que bons trabalhos táticos envolvem soluções defensivas e ofensivas. E, no clássico sem gols do Allianz Parque, os times foram mais eficientes ao anular o rival do que ao propor soluções para criar chances de gol.
O Palmeiras usou e abusou da marcação individual em todo o campo. Cada jogador alviverde tinha um rubro-negro para chamar de seu. A pressão começava na saída de bola do Flamengo, realçando a dificuldade que o time de Tite vem tendo para sair jogando de sua defesa. Assim, não se arriscava a buscar trocas de passes para vencer a marcação. O recurso eram bolas longas para Carlinhos —depois Pedro — e Bruno Henrique tentarem as disputas contra Gustavo Gomez e Luan. No duelo entre o ponta do Flamengo e o zagueiro paraguaio, o rubro-negro tinha mais vantagem. Mas Bruno Henrique terminava mal as jogadas.
Já o Flamengo, em sua defesa por zona, não pressionava de forma tão sufocante, mas protegia muito bem sua área. Diante da dificuldade, o Palmeiras teve poucos recursos para se organizar ofensivamente e também abusou de um jogo direto, com passes longos. De um lado e de outro, houve poucos riscos e muita cautela. Das duas áreas técnicas, surgiram poucas soluções para destravar o encontro.
O que houve, isto sim num número exagerado, foram faltas: 37 nos 90 minutos. E, neste aspecto, o Palmeiras tem mais responsabilidade. Talvez em consequência da marcação individual imposta, o que implica em sério risco caso um jogador perca seu duelo pessoal, o time parou o jogo com faltas 23 vezes.
Não chega a ser incomum que jogos muito aguardados desapontem. A falta de ousadia, aliás, foi a marca dos dois encontros entre Arsenal e Manchester City na atual Premier League. Dois dos times mais ofensivos do mundo ficaram a dever após 180 minutos de poucas emoções. Mas há alguns elementos brasileiros no insosso duelo de domingo.
Não tem sido raro ver Palmeiras x Flamengo jogarem partidas marcadas por ausências. É possível até debater se o planejamento rubro-negro, que preservou De La Cruz e Pedro de parte do clássico, poderia ter sido traçado de forma a priorizar um duelo emblemático, que mobiliza o país. Seria bom para o produto, para o torneio.
Se é verdade que não prevalece no Brasil a visão de valorização do campeonato, é justo argumentar que estavam em campo times que vivem permanente maratona: os titulares do Flamengo fizeram 20 jogos no ano; os do Palmeiras, 21. No meio da semana, os rubro-negros vão à altitude de La Paz, e no domingo pela manhã já estarão enfrentando o Botafogo. É insano, quase desumano.
Some-se a tudo isso um ambiente futebolístico em que derrotas em clássicos têm efeito muito mais duradouro do que vitórias, e o que se tem é um convite à cautela. O saldo do domingo é ruim. Um jogo tão aguardado entregou muito pouco.
Sem receita
Martinelli teve ótima atuação em sua volta ao meio-campo, o que pode fortalecer argumentos contra sua improvisação na zaga. Mas Manoel e Antônio Carlos, zagueiros de origem, erraram saídas de bola que poderiam ter dado ao Vasco o empate. O futebol não tem receita, tem contextos. Diniz busca, desde a saída de Nino, um substituto com bom passe. Haverá jogos em que será útil ter um meia na zaga.
Cautela
Há muitas coisas boas acontecendo no Botafogo de Artur Jorge. A movimentação dos quatro atacantes parece mais coordenada. E o time se habitua a jogar com a linha defensiva mais adiantada. O elenco tem boas opções defensivas, mas luta contra o tempo: é um trabalho que mal começou, num time que mal terminou de nascer. Está se formando, mas a urgência já se apresenta na Libertadores.
Repertório
Nas duas últimas semanas, Vinícius Júnior ofereceu dois gols a Rodrygo e um a Valverde nos duelos contra o Manchester City. No domingo, com a perna esquerda, fez cruzamento sob medida para Lucas Vásquez. O atacante veloz e driblador já incorporara a finalização a seu repertório. Agora, soma também a versão criador de chances. Vinícius caminha para o final da temporada como um jogador cada vez mais completo.
Fonte: O GLOBO
Some-se a tudo isso um ambiente futebolístico em que derrotas em clássicos têm efeito muito mais duradouro do que vitórias, e o que se tem é um convite à cautela. O saldo do domingo é ruim. Um jogo tão aguardado entregou muito pouco.
Sem receita
Martinelli teve ótima atuação em sua volta ao meio-campo, o que pode fortalecer argumentos contra sua improvisação na zaga. Mas Manoel e Antônio Carlos, zagueiros de origem, erraram saídas de bola que poderiam ter dado ao Vasco o empate. O futebol não tem receita, tem contextos. Diniz busca, desde a saída de Nino, um substituto com bom passe. Haverá jogos em que será útil ter um meia na zaga.
Cautela
Há muitas coisas boas acontecendo no Botafogo de Artur Jorge. A movimentação dos quatro atacantes parece mais coordenada. E o time se habitua a jogar com a linha defensiva mais adiantada. O elenco tem boas opções defensivas, mas luta contra o tempo: é um trabalho que mal começou, num time que mal terminou de nascer. Está se formando, mas a urgência já se apresenta na Libertadores.
Repertório
Nas duas últimas semanas, Vinícius Júnior ofereceu dois gols a Rodrygo e um a Valverde nos duelos contra o Manchester City. No domingo, com a perna esquerda, fez cruzamento sob medida para Lucas Vásquez. O atacante veloz e driblador já incorporara a finalização a seu repertório. Agora, soma também a versão criador de chances. Vinícius caminha para o final da temporada como um jogador cada vez mais completo.
Fonte: O GLOBO
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