A moeda chegou a bater os R$5,07 durante as negociações do dia. Números da economia americana são um dos motivos apontados pelos especialistas para valorização
O dólar fechou em alta nesta segunda-feira, após a divulgação de um dado de medição da temperatura da economia americana. A moeda subiu 0,87%, vendida por R$ 5,059. É a maior cotação em seis meses, quando terminou as negociações de 13 de outubro em R$ 5,089. A moeda chegou a bater os R$5,07 durante as negociações do dia.
O motivo da valorização foi a divulgação do índice de gerentes de compras (PMI) da indústria dos EUA. Houve um salto do dado de março, depois de 16 meses consecutivos de retração, saindo de 47,8 pontos em fevereiro para 50,1. Agentes de mercado tinham expectativa de que o número aumentasse para 48,4 pontos.
O indicador demonstra a resiliência da atividade econômica dos Estados Unidos, o que pode retardar o início do ciclo de corte da taxa de juros do país.
– Os números sugerem uma atividade econômica ainda forte, pressionando as expectativas dos juros e fortalecendo o dólar. Essa semana, ainda teremos a divulgação de dados que podem dar maiores pistas sobre a condução da política monetária nos próximos meses – diz Leandro Ormond, analista da Aware Investments, referindo-se à divulgação dos dados de emprego nos EUA.
No início do ano, diversas casas de análise aguardavam o início do ciclo de cortes na taxa para a última reunião do Comitê de Política Monetária americana (Fomc), ocorrida no dia 20 de março. As expectativas minguaram a partir da divulgação dos dados de emprego e consumo nos EUA, que demonstraram que a economia se comporta a pleno vapor. Tanto que o Fed manteve a taxa inalterada pela sexta vez.
Agora, apesar da sinalização de que o Fed pode realizar até três cortes no ano, o dado divulgado hoje pode contribuir para um atraso no ciclo de afrouxamento monetário:
– A dinâmica econômica mais resiliente por lá aumenta as incertezas sobre a flexibilização da taxa de juros. E acredito que a moeda permaneça em patamares altos dado uma série de fatores que trazem incertezas quanto à resiliência da economia norte-americana – diz Sidney Lima, da Ouro Preto Investimentos.
Para ele, além da dificuldade no início de cortes de juros pelo Fed, a divisa americana pode seguir em patamar alto por conta da redução do prêmio entre a taxa de juros do Brasil em relação à taxa de juros dos Estados Unidos.
Corrida por bancos centrais valoriza ouro
Ouro teve valorização significativa no primeiro bimestre de 2024 — Foto: Reprodução / Freepik
A cotação do ouro rompeu nesta segunda-feira um novo recorde histórico e superou US$ 2.265 (o correspondente a R$ 11.350) por onça (28,35 gramas).
A alta de 21% no valor registrada no primeiro trimestre pode ser explicada pelo movimento de diversos bancos centrais na compra do metal.
Para o Conselho Mundial do Ouro, a valorização foi provocada pelos mesmos motivos de 2023, quando as autoridades monetárias “deram grande ênfase ao valor do ouro na resposta à crise, nos atributos de diversificação e nas credenciais de reserva de valor” do metal, disse a instituição em comunicado.
Para Gustavo Spínola, da RB Investimentos, a instabilidade mundial faz as autoridades monetárias aumentarem suas reservas do metal:
– Diversos países da Europa estão se armando mais, dando declarações duras sobre a Rússia, que também sobe o tom, além do confronto em Gaza. O ouro é um modo de acumular reservas de forma mais diversificada.
Segundo o Conselho, em janeiro, o Banco Central turco foi o maior comprador do metal, aumentando as reservas oficiais em 12 toneladas. Em seguida, a China, com mais dez toneladas em janeiro. A Índia veio logo atrás, adquirindo mais nove toneladas.
Segundo a Bloomberg, a China superou a marca de 2.257 toneladas de ouro sob posse do seu banco central em fevereiro, registrando o 16º mês seguido de aumento no depósito do metal. De acordo com a agência de notícias, os bancos centrais do mundo todo adicionaram 1.037 toneladas de ouro em seus cofres em 2023.
“Será outro ano sólido de procura de ouro por parte de bancos centrais, especialmente os dos mercados emergentes, que têm demonstrado desde 2010 que possuem uma estratégia de longo prazo”, disse a instituição que acompanha o mercado global.
Fonte: O GLOBO
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