Estudo mostra que 71% dos funcionários, no entanto, aceitaria voltar a trabalhar 5 dias por um salário maior; pesquisa, feita por ONGs que advogam pela causa, acompanhou 21 empresas
Os testes são conduzidos pela organização sem fins lucrativos 4 Day Week, que coordena experimentos sobre o tema em outros países, e a brasileira Reconnect Happiness at Work. Os primeiros resultados, divulgados nesta terça-feira, foram computados em parceria com a Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP) e a universidade americana Boston College, que elaborou a metodologia.
O modelo implementado nas empresas participantes seguiu o formato 100-80-100: manteve-se 100% do salário, a jornada caiu para 80% do tempo e, em tese, atinge-se 100% da produtividade anterior.
A ampla maioria dos trabalhadores diz estar com mais energia para realizar suas tarefas (82,4%). Além disso, um percentual elevado dos entrevistados apontou redução no estresse (62,7%), na ansiedade (67%) e na insônia (50%). Eles dizem estar menos exaustos por conta do trabalho e com mais tempo para dedicar aos amigos e familiares.
Ainda assim, 36,8% dos entrevistados dizem que receber um aumento salarial superior a 50% seria suficiente para que retornassem a trabalhar cinco dias na semana. Ao mesmo tempo, 28,6% afirmam que não mudariam para empregos com uma semana de cinco dias de modo algum, mesmo para ganhar um salário maior — ou seja, 71,4% topariam voltar ao esquema antigo por algum tipo de aumento.
Outros 23,3% dos entrevistados retomariam o modelo anterior, com aumentos entre 26% e 50%; 7% dos colaboradores voltariam a trabalhar cinco dias na semana se tivessem aumentos salariais de 21% a 25%; e, por fim, 4,3% retomariam com aumentos de 0 a 20%.
Reuniões objetivas
A pesquisa divulgada hoje aponta que houve melhorias na comunicação entre os setores e que as reuniões se tornaram mais objetivas. O desempenho das empresas também melhorou, na esteira do aumento na produtividade e da capacidade de entrega de projetos.
Renata Rivetti, diretora da Reconnect Happiness At Work, diz que a adoção da semana de 4 dias de trabalho responde a mudanças recentes na dinâmica de trabalho.
— Há muitas empresas que ainda se sentem desorientadas sobre o modelo de trabalho, se retornam ao presencial, se permanecem no híbrido, se a produtividade é resultado de mais horas trabalhadas. Com o resultado desta pesquisa, acredito que terão um olhar mais focado no que realmente importa dentro do cenário corporativo — afirma Renata.
O experimento
O experimento está na metade do cronograma, que começou em janeiro e termina em junho. Antes disso, as empresas passaram por etapas de cadastramento, planejamento e entrevistas.
Os dados da pesquisa foram recolhidos em dezembro de 2023, antes da implementação da jornada reduzida, e abril, quando o modelo já havia sido colocado em prática.
Semana 4 dias — Foto: Infografia/O GLOBO
Os testes começaram com 22 empresas brasileiras e aproximadamente 280 colaboradores, mas uma das companhias desistiu depois de um mês.
A maioria das participantes trabalha em modelo presencial (40,2%), seguidas por empresas remotas (34,4%) e híbridas (25,4%). A grande maioria das companhias escolheu oferecer folgas nas sextas (60,2%). Outras oferecem o dia extra na segunda (22,1%) e na quarta (12,2%).
A pesquisa mostra também que, apesar dos bons resultados, existem desafios inerentes à implementação da semana de 4 dias, especialmente em relação à gestão de prazos e ao equilíbrio entre demandas internas e externas.
Alguns colaboradores enfrentam dificuldades iniciais para se adaptar ao novo modelo de trabalho, diz o documento, embora a maioria tenha conseguido otimizar as tarefas com o passar do tempo
Conheça algumas das empresas participantes:
- Editora MOL
- Smart Duo
- T4S - Thanks for Sharing Comunicação
- GR ASSESSORIA CONTABIL
- Brasil dos Parafusos
- Abaeterno
- Plonge
- Haze Shift Consultoria
- Oxygen Experiências, Capacitação e Conteúdo em Inovação
- Alimentare Nutrição e Serviços
- PiU Comunica
- Innuvem
- Inspira
- Clementino e Teixeira Advocacia
- Hospital Indianópolis
Algumas empresas, por exemplo, adotam a semana de 4 dias apenas para alguns setores, como finanças e recursos humanos, onde a implementação seria mais fácil, deixando os trabalhadores operacionais no regime regular.
Além disso, em países emergentes como o Brasil, ter um dia a menos de trabalho para reduzir o estresse não funciona para muitos trabalhadores, que usam o tempo extra para fazer “bicos”.
Fonte: O GLOBO
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