Enquanto São Paulo e Rio monopolizam as atenções dos investidores do mercado imobiliário, uma gestora formada por dois ex-executivos da 3G Capital (de Lemann & cia.) e pelo empresário Wilson de Lara (que foi um dos principais acionistas da ALL, de ferrovias) está convencida de que a oportunidade está mais ao sul — mais precisamente no Paraná e em Santa Catarina.

Trata-se da Life Capital Partners (LCP), gestora curitibana com R$ 1,5 bilhão sob gestão. Fundada em 2021, ela se tornou conhecida por uma transação esportiva — o acordo pelo qual 25 clubes de futebol venderam 20% dos direitos de transmissão futuros por R$ 2,6 bilhões. Mas a grande aposta da LCP é mesmo no chamado “mercado de tijolo”.

A LCP está lançando um novo fundo imobiliário para construir apartamentos na região Sul, com foco no Paraná e em Santa Catarina. A ideia é comprar terrenos e permutá-los com incorporadoras. Inicialmente, a captação será com “family and friends”, mas será aberta posteriormente a investidores qualificados.

— Não tem ninguém fazendo isso na região, mas há muita oportunidade para quem gasta sola de sapato para ir além de São Paulo. Queremos tirar esse fundo do papel com R$ 50 milhões — diz um dos sócios, João Gabriel Leitão, ex-3G, que foi um dos responsáveis pelas operações da Kraft Heinz na região Ásia-Pacífico.

Triplicar

O novo fundo se junta a um portfólio que conta com outros dois fundos: o Life11, listado em Bolsa, com foco no mercado residencial e cerca de R$ 250 milhões; e um fundo de loteamentos pequeno, com cerca de R$ 30 milhões de patrimônio.

— Esperamos triplicar o volume de recursos sob gestão no segmento imobiliário no curto prazo. Conseguiríamos administrar R$ 2 bilhões sem precisar aumentar a equipe — disse Leitão, que, além de Wilson de Lara, tem como sócio na LCP outro veterano ex-3G, Carlos Gamboa. — Temos um diferencial no Sul, um lugar próspero, sobretudo no interior do Paraná e de Santa Catarina, com cidades que têm tanto agro quanto indústria e serviços.

Questionado sobre os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul sobre a estratégia, Leitão diz que a carteira da gestora tem pouca exposição ao estado.


Fonte: O GLOBO