João Saboia avalia que rendimento do trabalhador deve continuar em alta, mas mudança no perfil de vagas depende de crescimento maior da economia

Há boas notícias para celebrar o Dia do Trabalho, o Brasil tem a menor taxa de desemprego num primeiro trimestre em dez anos, segundo o IBGE. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho, apontam um geração de vagas de emprego formal 33,9% maior do que no primeiro trimestre no passado. 

Mas o que vem pela frente? O economista João Saboia, professor do emérito do Instituto de Economia da UFRJ, diz que o mercado de trabalho deve continuar favorável, no entanto, a regra geral se manterá: empregos pouco qualificados e com baixa remuneração.

- Como o crescimento do PIB deve continuar baixo nos próximos anos, acho perfeitamente possível que continue havendo geração de empregos de baixa qualidade no futuro próximo. Com isso a taxa de desemprego pode continuar caindo. Como a inflação deve continuar baixa e o salário mínimo real vai continuar aumentando, o rendimento médio do trabalho deve continuare favorável. Em resumo, dentro desse contexto o mercado de trabalho deve continuar favorável. Mas trata-se de um mercado que gera empregos de baixa qualidade em grande número.- diz Saboia.

A mudança nesse cenário, diz o professor, não é nada trivial e depende de mudanças no patamar de crescimento da economia brasileira e de investimento em educação:

- Estou trabalhando na questão da produtividade que está estagnada desde 2012. Nossos modelos associam com clareza a produtividade com os investimentos e o nível de escolaridade dos trabalhadores. Para crescer com qualidade a economia precisa crescer, os investimentos serem recuperados e a educação da população melhorar. Isso é o básico para o mercado de trabalho melhorar gerando bons empregos.


Fonte: O GLOBO