Presidente se reúne com líderes na segunda feira para planejar a reação; partidos da "base raiz" terão prioridade
Em mais um sinal de mudança de rota na articulação política do Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu iniciar uma série de reuniões com as bancadas da base do governo no Congresso Nacional.
Segundo aliados do presidente, depois das derrotas desta semana no Parlamento, ele foi convencido da necessidade de se aproximar das bancadas da base para definir estratégias de reação ao conservadorismo e de defesa das pautas do governo.
O roteiro dos encontros será definido a partir da segunda-feira, quando Lula se reúne com os líderes do governo no Congresso, conforme antecipou a colunista Bela Megale.
Segundo aliados do presidente, depois das derrotas desta semana no Parlamento, ele foi convencido da necessidade de se aproximar das bancadas da base para definir estratégias de reação ao conservadorismo e de defesa das pautas do governo.
O roteiro dos encontros será definido a partir da segunda-feira, quando Lula se reúne com os líderes do governo no Congresso, conforme antecipou a colunista Bela Megale.
A proposta partiu do líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), como reação às derrotas da última terça-feira (28), quando deputados derrubaram o veto de Lula a um trecho da lei que acaba com as “saidinhas” temporárias de presos e mantiveram outro, assinado pelo então presidente Jair Bolsonaro, que criminaliza a disseminação de fake news.
Nas conversas que o presidente já teve com alguns responsáveis pela articulação política, ficou pré-definido que os primeiros encontros seriam com as chamadas "bancadas raiz"-- como PT, PSOL e PSB – e, num segundo momento, os deputados e senadores de partidos que não apoiaram formalmente Lula nas eleições, mas têm espaço na Esplanada, como o MDB, o PSD e o União Brasil.
A iniciativa de começar pelo PT e pelos “aliados raiz” não é por acaso. As bancadas mais próximas do presidente – não só a do PT, como a do SOL – se queixam de não terem sido recebidas por Lula até agora, desde o início do terceiro mandato.
No diagnóstico de alguns líderes, fez falta na sessão do Congresso uma defesa mais enfática do ponto de vista do governo não só no caso das fake news, mas também em assuntos como a liberação de clubes de tiro próximos a escolas, em que apenas parlamentares do PSOL ocuparam os microfones.
Já as siglas do Centrão que aderiram ao governo não têm entregue a fidelidade esperada pelo Planalto. Na derrota do veto das saidinhas, por exemplo, as bancadas do União Brasil, PP, PSD e Republicanos votaram majoritariamente contra Lula. Houve traições até mesmo no PT e em outras siglas de esquerda.
O movimento marca um ponto de inflexão na relação de Lula com o Congresso em seu terceiro mandato, caracterizado pelo distanciamento em relação à base, em comparação com seus outros dois governos (2003-2011).
Até aqui, Lula mantinha reuniões regulares apenas com Padilha, que está rompido com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por divergências que vão desde o empenho do ministro na manutenção da prisão de Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de mandar matar Marielle Franco, por decisão do plenário da Câmara até o controle sobre o orçamento e a distribuição de emendas do Ministério da Saúde.
O novo arranjo forçará Lula a se envolver mais a fundo na agenda legislativa do governo e, por consequência, na negociação a varejo do Congresso sem intermediários.
Isso pouco mais de um mês após o presidente cobrar os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil) e Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social) a intensificar o diálogo com as bancadas do parlamento.
O sucesso da estratégia ainda depende de diversos fatores, como a relação com Arthur Lira, as eleições municipais em outubro e a disputa pelo comando da Câmara em fevereiro do ano que vem. Mas a consequência mais imediata é que Lula não poderá mais terceirizar o desgaste de eventuais derrotas no Congresso a aliados e subordinados.
Fonte: O GLOBO
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