Levantamentos da Quaest apontam decepção com o presidente e tendência conservadora em temas como drogas e aborto
Tanto a pesquisa sobre as eleições de 2026 divulgada nesta segunda-feira quanto um recorte da pesquisa de avaliação do governo da semana passada, ambas da Quaest para o banco Genial, mostram um cenário complexo para o governo e a eventual reeleição de Lula.
Embora o presidente apareça na frente nas intenções de votos, o levantamento capta uma decepção do eleitorado com seu governo, a ponto de a maioria dizer que ele não mereceria novo mandato. Essa percepção atinge 23% dos eleitores do presidente em 2022, um recorte importante para o Planalto e o PT, uma vez que a vitória de Lula sobre Jair Bolsonaro foi bastante apertada.
Um recorte ainda inédito da pesquisa da semana passada procurou medir a opinião dos entrevistados sobre temas-tabu, como drogas e aborto. Ambas as discussões voltaram ao debate público depois que o Supremo Tribunal Federal começou a julgar ações relativas à ampliação dos casos de aborto legal e a descriminalização do usuário de pequenas quantidades de maconha.
Segundo a pesquisa da Quaest, 71% avaliam que o uso de qualquer quantidade de droga deve continuar sendo considerado crime. Os entrevistados também discordam da tese que o STF discute, de distinguir usuário e traficante pela quantidade de drogas. Para 49% dos ouvidos, a quantidade não é suficiente para fazer essa distinção.
Para 46%, uma mulher que tiver de fazer um aborto deve ser presa por isso, o que representa um empate técnico com os 47% que discordam dessa afirmação.
Por fim, a afirmação difundida pelos bolsonaristas de que o país vive uma "ditadura do PT" encontra aval de 43% dos entrevistados, o que é também um termômetro da força que o discurso da extrema-direita ainda encontra, mesmo após a inelegibilidade de Bolsonaro e o avanço das investigações sobre as tentativas de golpe que foram engendradas por ele e apoiadores ainda no decorrer do governo e depois da posse de Lula.
O presidente vinha tentando medidas e estratégias para reverter a queda na avaliação nas pesquisas, mas a tragédia do Rio Grande do Sul paralisa forçosamente outras agendas e coloca mais um desafio para o governo federal: a de ter suas ações de enfrentamento da emergência aprovadas ou não.
Fonte: O GLOBO
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