Vinte pessoas morreram durante bombardeios ao campo de refugiados de Jabalia, no norte de Gaza
O Ministério da Saúde do Hamas anunciou, nesta segunda-feira, que a Faixa de Gaza tem apenas mais algumas horas de combustível para manter o sistema de saúde palestino em funcionamento, em meio aos novos combates com as tropas de Israel. A população civil no campo de refugiados de Jabalia, no norte do enclave, e em Rafah, no sul, tiveram que se retirar de suas casas diante das novas ofensivas, que deixaram ao menos 20 mortos durante a noite.
A falta de combustível incide de forma decisiva no serviço de saúde de Gaza. Instalações do enclave mantém o funcionamento a partir de geradores, e as reservas baixas também afetam o funcionamento de ambulâncias e meios de transporte utilizados por funcionários. Em um comunicado, a autoridade de saúde do Hamas afirmou que "estamos a poucas horas de um colapso do sistema de saúde na Faixa de Gaza".
O agravamento da crise no sistema de saúde palestino ocorre em um momento em que combates entre as tropas israelenses e o Hamas foram retomados, incluindo em regiões onde os militares do Estado judeu já haviam afirmado ter eliminado a presença do grupo terrorista. Ao menos 20 pessoas morreram durante ataques noturnos ao campo de refugiados de Jabalia, no note do enclave.
No extremo sul do território, em Rafah, moradores receberam novas ordens de evacuação nesta segunda-feira. Testemunhas ouvidas pela AFP afirmaram ter recebido ligações telefônicas e mensagens de texto para saírem de suas casas, em um prenúncio de um novo ataque na região. A Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA) estima que 360 mil pessoas fugiram da cidade desde a semana passada, quando uma primeira ordem de evacuação partiu de Israel. O número de pessoas evacuadas é superior à população da cidade antes da guerra, de cerca de 250 mil pessoas.
Ainda de acordo com a UNRWA, pelo menos 60 mil pessoas fugiram da cidade desde domingo. Uma operação em larga escala contra a região continua sendo a principal preocupação da comunidade internacional sobre o enclave, incluindo de aliados de Israel.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou no domingo que uma grande ofensiva em Rafah causaria "caos" e "anarquia" e não eliminaria o Hamas. O diplomata também afirmou que a guerra matou mais civis do que terroristas.
— [O plano de Israel em Rafah] corre o risco de causar enormes danos à população civil sem, no entanto, resolver o problema — disse Blinken, em entrevista ao canal NBC. — Vimos o Hamas voltar às áreas que Israel libertou no norte, inclusive em Khan Yunis.
Ao ser questionado se Washington considerava que em Gaza haviam morrido mais civis do que combatentes do Hamas, Blinken respondeu "sim" à NBC.
Tanque israelense dispara contra posição no sul de Gaza — Foto: Jack Guez/AFP
Os Estados Unidos ameaçaram publicamente suspender a entrega de algumas categorias de armas a Israel, como obuses de artilharia, se o país lançar uma grande ofensiva em Rafah, à qual o presidente Joe Biden se opõe.
Essas preocupações foram reiteradas pelo assessor de Segurança Nacional, Jake Sullivan, durante uma reunião realizada neste domingo com seu par israelense, Tzachi Hanegbi, segundo um comunicado da Casa Branca. De acordo com Sullivan, Hanegbi confirmou que Israel estava "plenamente ciente das preocupações dos Estados Unidos".
Blinken também conversou com o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, e insistiu que Washington é contrário a uma grande operação em Rafah.
"O secretário enfatizou a necessidade urgente de proteger os civis e os trabalhadores humanitários em Gaza e fez um apelo ao ministro para garantir que a ajuda possa chegar a Gaza e trabalhar para resolver os problemas de distribuição dentro de Gaza, enquanto Israel persegue alvos do Hamas", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, em um comunicado. (Com AFP)
Fonte: O GLOBO
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