Mesmo em atuação apagada, equipe de Artur Jorge mostrou segurança defensiva e a capacidade de definir jogo truncado na hora certa

Classificado. Para um Botafogo que começou a fase de grupos da Libertadores com duas derrotas, parecia distante imaginar um roteiro no qual ele deixaria Lima com a vaga nas oitavas de final — com uma rodada de antecedência. Pois bem, assim se fez. Com o gol de Jeffinho no segundo tempo, o alvinegro derrotou o Universitario (Peru) por 1 a 0, muito também por conta de um elenco que amadurece a cada partida e é capaz de entregar um grande resultado mesmo em uma atuação apagada como a de ontem.

— Jogo muito difícil, mas a gente conseguiu competir bem. Sofremos muito, mas o importante foi a vitória e a classificação. Fazia muito tempo que o clube não conseguia. É continuar trabalhando, com os pezinhos no chão, e comemorar bastante. Valeu todo o sacrifício e esforço — destacou Marlon Freitas.

Desde 2017, o Botafogo não disputava a Libertadores. O vociferante volante, líder em campo, não deixa enganar. Se havia uma equipe alvinegra capaz de buscar os três pontos, era exatamente a que entrou em campo no Monumental.

A vitória no Peru se juntou a outros bons sinais, como a sequência de três resultados positivos no torneio continental, que representam uma volta por cima, ou o triunfo sobre no Flamengo no Brasileirão, que havia sido a aprovação no primeiro grande teste.

Licença para o trocadilho: contra o Universitario, o Botafogo pegou o diploma. Com Artur Jorge, a confiança para definir jogos truncados e a segurança para se segurar atrás viraram características.

Aliás, é positiva a capacidade que o treinador português vem apresentando de fazer leituras dentro dos 90 minutos e influenciar diretamente no desfecho do roteiro. Na volta do intervalo, lançou em campo Jeffinho, muitas vezes contestado, mas, ontem, iluminado. Quando a defesa peruana entregou a bola nos pés de Savarino, ele disparou e apareceu sozinho na área, batendo sem chances para o goleiro Britos.

Não era a melhor apresentação do Botafogo e há pontos a elogiar e criticar. Entendendo que estaria enfrentando um adversário que não mediria esforços para atacar e vencer, Artur escalou um time com três meias para se proteger mais no setor. O problema é que Tchê Tchê parecia perdido na posição. Enquanto isso, o time era atacado, especialmente pelo lado de Hugo, e poderia ter saído em desvantagem. A má pontaria do Universitario contribuiu com o 0 a 0 da primeira etapa.

As escapadas aconteciam com jogadores projetados especialmente para isso, Luiz Henrique e Júnior Santos. Não houve muito o que se aproveitar disso, porque as chances reais foram raras, mas a mais importante entrou. Poucos minutos antes de Jeffinho balançar as redes, os espaços que o Universitario ofereciam davam a impressão de que o Botafogo poderia definir. O camisa 47 ainda poderia ter ampliado no final do jogo.

Se não vencesse, o Botafogo precisaria lutar para sobreviver na última rodada. Com o triunfo, a ida a Barraquilla, na Colômbia, para enfrentar o Junior se tornou uma disputa pela liderança do Grupo D. No próximo dia 28, às 19h, Artur Jorge e seus comandados viajarão para buscar a vantagem de decidir em casa nas oitavas, e para continuar um processo do qual os finais estão sendo bem desfrutados.


Fonte: O GLOBO