Tenente-brigadeiro disse que os apoiadores do ex-presidente tiveram o direito de 'se reunirem e protestarem dentro da lei', e que nenhuma fraude foi detectada

O tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, ex-comandante da Aeronáutica no governo de Jair Bolsonaro, saiu em defesa do último processo eleitoral, em 2022. Em uma publicação na rede X (antigo Twitter), Baptista Junior rebateu um internauta sobre a fiscalização das urnas. À época, as Forças Armadas participaram do processo de fiscalização do sistema.

Um perfil que se diz apoiador de Bolsonaro afirmava que as Forças Armadas "se acovardaram diante de seu dever", se referindo às atos feitos pelos apoiadores do ex-presidente após ser derrotado por Lula. O tenente-brigadeiro escreveu que os militares "apoiaram o direito (dos apoiadores de Bolsonaro) de se reunirem e protestarem dentro da lei". Ainda em resposta, Baptista Junior afirmou que as supostas fraudes eleitorais não foram comprovadas, e ironizou: "Qual o dever você acha que elas não cumpriram? Seja claro se precisar usar a palavra GOLPE", concluiu.

Para dar mais transparência às eleições de 2022, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) incluiu as Forças Armadas da lista de entidades que fiscalizaram o sistema eletrônico de votação. Ao final do processo eleitoral, os militares elaboraram um relatório que não identificou fraude. Na época, a coluna de Malu Gaspar, do GLOBO, mostrou que Bolsonaro segurava a divulgação do documento depois que não foi encontrado nenhum indício de fraude.

Nos comentários da sua postagem feita nesta quarta-feira, um perfil afirmou que as Forças Armadas não puderam examinar as urnas eletrônicas, o que foi negado pelo tenente-brigadeiro: "Não é verdade (que as Forças Armadas não puderem examinar as urnas). O processo de fiscalização foi adequado", rebateu o militar. Ainda em sua resposta, o ex-comandante disse que as pessoas "repetem o que escutam sem conhecimento de causa". Perguntado se os militares tiveram acesso ao código fonte, o militar respondeu que sim.

Baptista Junior foi comandante da Aeronáutica do governo Bolsonaro entre abril de 2021 até janeiro de 2023, quando foi substituído por Marcelo Kanitz Damasceno. Em seu perfil no X, o ex-comandante se define como "conservador e liberal", e faz inúmeras publicações com críticas ao atual governo Lula.

Em março deste ano, Baptista Junior prestou depoimento no inquérito que apura tentativa de golpe. Ele declarou à Polícia Federal que o ex-presidente sabia que a Comissão de Transparência das Eleições (CTE) não identificou qualquer fraude na disputa eleitoral de 2022. Apesar disso, Bolsonaro manteve as críticas ao sistema eleitoral e levantou dúvidas sobre a votação.

Ainda no depoimento Baptista Junior disse que não participou, mas “ouviu que houve uma determinação para não divulgar o relatório de fiscalização do sistema eletrônico do primeiro turno de votação”. Ele informou não se recordar "quem teria falado sobre o pedido para atrasar a divulgação do relatório”.


Fonte: O GLOBO