Partido do premier deve ser capaz de formar governo com aliados de coalizão, mas conquistar um número inferior de cadeiras menor na Câmara baixa
O partido Bharatiya Janata Party (BJP), do primeiro-ministro indiano Narendra Modi, está perto de confirmar a vitória nas eleições legislativas da Índia, mas ao que tudo indica que com uma maioria de deputados inferior ao projetado pelo líder indiano. Se a tendência do eleitorado se mantiver, Modi vai precisar mais do que nunca dos partidos aliados para formar maioria no Parlamento.
Dados divulgados pela Comissão Eleitoral indiana, com três quartos dos votos apurados, mostram o BJP em primeiro lugar, com 38,1% dos votos apurados. O número de votos deve ser suficiente para garantir por volta de 240 cadeiras — mais do que qualquer partido individualmente, porém abaixo das 272 necessárias para ter maioria de governo.
Em 2019, o BJP conquistou 303 dos 543 assentos no Parlamento sozinho. A ampla maioria permitiria o premier governar sem preocupações com aliados minoritários. Agora, ao que se demonstra em meio à apuração, os aliados de coalizão serão necessários para garantir a maioria. De acordo com os números da Comissão Eleitoral, Modi e seus aliados devem conquistar 290 cadeiras, se a tendência dor mantida.
Após uma década promovendo uma agenda nacionalista hindu, Modi, de 73 anos, caminha para um terceiro mandato, apesar das acusações da oposição e das preocupações sobre os direitos das minorias religiosas. No fim de semana, convencido de que conquistaria uma vitória contundente, o premier declarou que "as pessoas na Índia votaram em números recorde" a favor do seu governo.
Embora o total de 642 milhões de eleitores tenha sido apontado como um "recorde mundial" pela Comissão Eleitoral, a taxa de participação caiu na comparação com 2019, de 67,4% para 66,3%. Os analistas atribuem a taxa de comparecimento menor às temperaturas elevadas das últimas semanas no norte da Índia, onde os termômetros superaram 45ºC.
Ao menos 33 funcionários do sistema eleitoral morreram na onda de calor de sábado no estado de Uttar Pradesh, onde a temperatura atingiu 46,9ºC. O processo eleitoral foi dividido em sete etapas ao longo de seis semanas, um desafio logístico no país de maior população do planeta. a taxa de participação caiu na comparação com 2019, de 67,4% para 66,3%.
Críticas da oposição
A oposição conseguiu melhorar seu resultado eleitoral, apesar de ter enfrentado vários processos judiciais, que muitos denunciam como parte da campanha política de Modi contra qualquer dissidência.
O centro de pesquisas americano 'Freedom House' destacou que este ano o BJP "utilizou cada vez mais as instituições governamentais para atacar os rivais políticos".
Um dos casos citados como exemplo pela oposição é o de Arvind Kejriwal, ministro-chefe da capital, Nova Délhi, detido em março por um caso de corrupção, liberado em maio para a campanha eleitoral e novamente preso no domingo passado.
— Quando o poder se transforma em ditadura, a prisão vira uma obrigação — disse Kejriwal, uma figura crucial na aliança de oposição.
A política do primeiro-ministro também provoca receio entre a minoria religiosa de mais de 200 milhões de muçulmanos, preocupados com seu futuro neste país constitucionalmente secular.
Desafio logístico
As eleições representaram um desafio logístico no país gigantesco, que inclui zonas eleitorais em megacidades como Nova Délhi e Mumbai, mas também em áreas florestais isoladas e na conturbada região da Caxemira, no Himalaia. Para facilitar a apuração, grande parte dos eleitores votaram em urnas eletrônicas.
A contagem dos votos começou às 8h de terça-feira (23h30 de segunda-feira em Brasília) nos centros de apuração de cada estado, onde os dados são inseridos em computadores.
As principais redes de televisão indianas mantêm repórteres diante de cada centro de apuração para anunciar o mais rápido possível os resultados para cada uma das 543 vagas na Câmara Baixa do Parlamento. (Com AFP)
Fonte: O GLOBO
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