O engajamento das famílias com as escolas é um aspecto fundamental para o sucesso dos alunos, mas requer ações intencionais para acontecer
É praticamente consensual a afirmação de que o engajamento das famílias com as escolas é um aspecto fundamental para o sucesso dos alunos. Porém, o que soa óbvio e simples na teoria requer, na prática, abertura, esforço e ações intencionais para acontecer. Um relatório divulgado neste mês pelo Centro Pela Educação Universal do Instituto Brookings, organização de pesquisa baseada nos Estados Unidos, traz insumos importantes a partir de uma pesquisa realizada com alunos, pais e educadores em 16 países, incluindo o Brasil.
Uma das constatações mais interessantes do relatório — produzido por Emily Markovich Morris, Laura Nóra e coautores — é a de que pais, alunos e profissionais da educação têm, com frequência, expectativas distintas sobre os propósitos da escola. Em geral, estudantes e suas famílias entendem que o objetivo é a preparação para a continuidade dos estudos (em nível técnico ou superior, por exemplo), com um contingente significativo também citando a preparação para o trabalho, especialmente entre pais de menor escolaridade. Já entre professores, na maioria dos países as dimensões mais citadas foram o preparo para a cidadania ou o desenvolvimento socioemocional.
No Brasil, por exemplo, professores citam como principais propósitos da escola a formação para a cidadania (45%) e o desenvolvimento socioemocional (37%). Entre pais, esses percentuais caem, respectivamente, para 17% e 24%. O que as famílias brasileiras entrevistadas no estudo mais valorizaram foi a dimensão acadêmica (53%), percentual que entre os educadores foi de 15%.
O fato de pais, alunos ou professores valorizarem mais aspectos distintos não significa que defendam que apenas uma ou outra dimensão seja trabalhada. Mas a discrepância nas respostas sinaliza que há um campo a ser trabalhado pelos gestores educacionais: a busca de maior coesão e entendimento mútuo sobre os objetivos comuns.
O relatório, que será lançado no Brasil nesta semana em evento organizado pelo Instituto Salto, traz seis lições principais sobre o relacionamento entre famílias e escolas. O primeiro é justamente começar essa aproximação buscando mais entendimento e coerência a respeito dos propósitos da escola.
O segundo é reforçar o entendimento mútuo de que as famílias são parceiras da escola, o que nem sempre é simples, já que educadores tendem a enxergar apenas a participação dos pais quando estes estão presentes no dia a dia e eventos na escola, enquanto as famílias valorizam o trabalho feito em casa, em apoio aos filhos, como o mais relevante.
Uma terceira lição é a necessidade de superar barreiras que dificultam o diálogo, algo que só será plenamente possível caso as escolas busquem compreender as razões que levam as famílias a não se engajarem tanto, em vez de apenas reclamarem da ausência. O quarto ponto é a necessidade de construir confiança, e, neste caso, a pesquisa mostra que famílias tendem a confiar mais nos educadores do que o contrário.
Uma terceira lição é a necessidade de superar barreiras que dificultam o diálogo, algo que só será plenamente possível caso as escolas busquem compreender as razões que levam as famílias a não se engajarem tanto, em vez de apenas reclamarem da ausência. O quarto ponto é a necessidade de construir confiança, e, neste caso, a pesquisa mostra que famílias tendem a confiar mais nos educadores do que o contrário.
A quinta recomendação é que os sistemas educacionais coloquem em seus grandes objetivos o engajamento das famílias com a escola, e garantam condições para que isso ocorra. Por fim, há a sugestão para que as escolas promovam investigações colaborativas para entender os desafios e desenvolver estratégias coesas e coerentes, adequadas a cada comunidade.
Fonte: O GLOBO
Fonte: O GLOBO
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