Chamada de 'querida companheira', presidente assumiu estatal com juras de obediência ao governo
A nova presidente da Petrobras assumiu com juras de obediência. Ao tomar posse, Magda Chambriard prometeu uma gestão “totalmente alinhada” ao governo. “A missão que recebi foi movimentar a Petrobras, porque ela impulsiona o PIB”, afirmou.
O presidente pegou o avião para prestigiar a pupila. Arrastou na comitiva a primeira-dama, sete ministros e três presidentes de bancos públicos. “Como Deus existe, eu estou aqui”, congratulou-se. A julgar pelos discursos, os dois estão mesmo alinhados. Ela agradeceu a confiança do “nosso presidente”. Ele se derramou em elogios à “querida companheira”.
Além de trocar confetes, Lula e Magda defenderam ideias parecidas. Acenaram com mais investimentos, mais gasodutos, mais refinarias. Prometeram a retomada da indústria naval, da produção de fertilizantes e do apoio à cultura.
A dupla também concordou em omitir a passagem de Jean-Paul Prates pela estatal. Demitido no mês passado, o petista foi solenemente ignorado pelos donos da festa. Só foi lembrado pelo ministro Fernando Haddad, que elogiou seu trabalho “admirável” na petroleira.
Apesar da toada desenvolvimentista, os discursos foram temperados com agrados ao mercado. Magda prometeu “zelar pela governança” e buscar “rentabilidade e eficiência”. Lula garantiu que não deseja uma Petrobras deficitária. “Ninguém quer que nenhum acionista tenha um centavo de prejuízo. Se investiu, tem direito a ter seu retorno”, disse.
As palavras foram suficientes para evitar uma nova fuga de investidores. Ontem as ações da companhia voltaram a subir, puxando a leve alta da Bolsa.
A União é a maior acionista da Petrobras, e o presidente sempre defendeu seu papel como indutora do crescimento. Quem preferia a política de Jair Bolsonaro, que fatiou a empresa para vendê-la em pedaços, precisa aceitar a derrota e esperar a próxima eleição.
Isso não significa que a nova gestão tenha licença para repetir erros do passado. Ao dar posse à “querida companheira”, Lula afirmou que a Lava-Jato “mirava o desmonte e a privatização da Petrobras”. Pode ser, mas ele mesmo admitiu, em 2022, que “não pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram”.
Ao relembrar o convite do “nosso presidente”, Magda disse ter ouvido uma ordem expressa: “Não quero confusão nesta empresa”. Faltou explicar a que tipo de confusão ele se referia.
Fonte: O GLOBO
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