Anna Christina Ramos Saicalli é investigada por participar de esquema de fraude bilionária e teve de entregar seu passaporte no país

Investigada por participar de um esquema de fraude bilionária, a ex-diretora da Americanas Anna Christina Ramos Saicalli desembarcou no Brasil na manhã desta segunda-feira. Ela havia deixado o país no dia 15 de junho, quando viajou para Lisboa, em Portugal. 

A executiva apresentou-se a autoridades portuguesas na noite deste domingo, quando embarcou para o Brasil.

Com pouco mais de uma hora de atraso, o voo dela pousou no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, às 6h44. A executiva foi conduzida para fora da aeronave acompanhada por membros da Polícia Federal (PF). Só depois disso, os demais passageiros puderam desembarcar, segundo pessoas do mesmo voo ouvidas pelo GLOBO. No país, ela teve que entregar o passaporte à PF.

Ao chegar no Terminal 3 de Guarulhos, destinado aos voos internacionais, Anna Christina foi encaminhada para Delegacia Especial do Aeroporto Internacional de São Paulo da PF, dentro do aeroporto, por uma passagem lateral e de forma discreta. Ela deixou o local às 7h46, de carro, por uma saída exclusiva da Polícia Federal, sem contato com os demais passageiros e sem falar com os jornalistas.

A ex-diretora, que chegou a ser incluída na lista de foragidos da Interpol, foi um dos principais alvos da Operação Disclosure, deflagrada na última quinta-feira, que mirou os executivos da varejista envolvidos no esquema que encobriu o rombo de cerca de R$ 25 bilhões no balanço da empresa.

Miguel Gutierrez na porta do prédio onde mora, em Madri, na Espanha: ele foi preso, prestou depoimento e liberado em seguida — Foto: Reprodução/ TV Globo

Afastada desde fevereiro de 2023

Anna Christina está proibida de deixar o país enquanto correrem as investigações, segundo decisão do juiz Marcio Muniz da Silva Carvalho, da 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. Foi o magistrado que determinou que ela deveria entregar o passaporte à PF assim que chegasse ao Brasil. Ele também decidiu que a executiva não passaria por audiência de custódia e que não seria presa.

Ex-CEO do banco digital da Americanas, a AME, Anna Christina estava afastada das funções executivas da varejista deste fevereiro do ano passado. Ela entrou na companhia há mais de vinte anos e, segundo os investigadores, é uma das principais responsáveis pelo esquema de fraudes.

Na varejista, ela foi também diretora-presidente e presidente do Conselho de Administração da B2W, braço de varejo digital do grupo.

Além da executiva, foi alvo da operação da PF e do Ministério Público o ex-CEO da Americanas, Miguel Gutierrez, que mora na Espanha e tem dupla cidadania. Ele foi preso em Madri, na última sexta-feira, mas liberado no dia seguinte.


Fonte: O GLOBO