Diretor-geral da FAO, agência das Nações Unidas, disse que a pandemia piorou o quadro e que serão necessários trilhões de dólares para combater o problema
Mais de 700 milhões de pessoas passavam fome em 2023, o que significa que uma em cada 11 pessoas no mundo sofriam com o problema. Os dados são do relatório O Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo (SOFI), publicado nesta quarta-feira pelas Nações Unidas.
O critério para que uma pessoa passe fome é a condição de subnutrição. O número salta para 2,312 bilhões de pessoas quando se considera insegurança alimentar moderada ou severa, no triênio de 2021 a 2023. É o equivalente a 29% da população mundial.
Segundo o relatório publicado nesta quarta-feira, a falta de acesso a alimentos seguiu crescendo na África, onde uma em cada cinco pessoas passa fome – 57,7% da população do continente enfrentam insegurança alimentar moderada ou severa –, ficou estável na Ásia e teve “progresso notável” na América Latina e no Caribe, como mostram os dados para o Brasil.
O relatório é anual e, desta vez, foi lançado no contexto da reunião ministerial no Brasil da Força-Tarefa do G20 para uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Segundo o estudo, o mundo está falhando em alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 2, Fome Zero, até 2030. Os dados indicam que houve retrocesso de 15 anos, com níveis de desnutrição comparáveis aos de 2008-2009.
Em seu discurso de abertura no evento, o diretor-geral da FAO, QU Dongyu, disse que a pandemia piorou a situação de insegurança alimentar a nível global, mas ressaltou que a única maneira de combater a desnutrição é continuar perseguindo os objetivos.
Segundo Dongyu, países da América da Sul e do Sul da Ásia chegaram a apresentar números melhores nos últimos anos com relação aos níveis de insegurança alimentar. Se estas regiões seguirem nesse caminho, disse ele, a expectativa é de que elas consigam alcançar o Objetivo Sustentável 2 (meta da ONU que prevê acabar com todas as formas de fome e má nutrição até 2030).
— Mas Isso ainda está fora do alcance para mais de um terço da população mundial — ponderou Dongyu, ao citar projeção de que cerca de 580 milhões de pessoas ainda passarão fome no mundo até 2030.
Financiamento 'inovador' e 'acessível'
O diretor-geral da FAO também fez um apelo aos governantes, ao setor privado e aos organismos de financiamento relacionados a sistemas alimentares para que não só ampliem os recursos destinados ao combate à fome, como mirem um financiamento “inovador” e “acessível” aos mais vulneráveis.
— Globalmente, talvez, a necessidade de financiamento seja de vários trilhões de dólares. (...) É muito importante reconhecer a nova realidade e entender que os desafios são globais, assim como os riscos e as incertezas que temos. Precisamos estar prontos e misturar os recursos financeiros de uma maneira colaborativa. Sem o setor privado, não conseguiremos atingir isso.
A porcentagem da população que passa fome varia em cada parte do globo. Na África, por exemplo, o índice está aumentando (20,4%), enquanto permaneceu estável na Ásia (8,1%).
Economista-chefe da FAO, Máximo Torero destacou que a alta dos preços dos alimentos afetou principalmente a população dos países de baixa e média renda, onde a recuperação econômica pós-pandemia foi menor do que o aumento dos produtos.
'Cada país tem seu caminho'
Segundo Torero, os instrumentos de financiamento existentes não estão sendo suficientes para alcançar a população dos países mais pobres. Ele apontou que 119 países de renda baixa ou média têm pouco ou nenhum acesso a financiamento para combate à fome e desnutrição.
— Pela realidade hoje, financiamento e escala são os principais ‘drivers’ para acabar com os problemas e os fatores que boicotam atingirmos os objetivos (de combate à fome e desnutrição) e que mantêm as desigualdades. Isso é o que o Brasil está tentando fazer, mas cada país tem o seu caminho.
Como orientação, a FAO elaborou três recomendações no relatório: um sistema coordenado de financiamento ao alcance dos países; um engajamento nas áreas rurais globais; financiamento inovador com mapeamento dos riscos e condições para atrair recursos.
Fonte: O GLOBO
Mais de 700 milhões de pessoas passavam fome em 2023, o que significa que uma em cada 11 pessoas no mundo sofriam com o problema. Os dados são do relatório O Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo (SOFI), publicado nesta quarta-feira pelas Nações Unidas.
O critério para que uma pessoa passe fome é a condição de subnutrição. O número salta para 2,312 bilhões de pessoas quando se considera insegurança alimentar moderada ou severa, no triênio de 2021 a 2023. É o equivalente a 29% da população mundial.
Segundo o relatório publicado nesta quarta-feira, a falta de acesso a alimentos seguiu crescendo na África, onde uma em cada cinco pessoas passa fome – 57,7% da população do continente enfrentam insegurança alimentar moderada ou severa –, ficou estável na Ásia e teve “progresso notável” na América Latina e no Caribe, como mostram os dados para o Brasil.
O relatório é anual e, desta vez, foi lançado no contexto da reunião ministerial no Brasil da Força-Tarefa do G20 para uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Segundo o estudo, o mundo está falhando em alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 2, Fome Zero, até 2030. Os dados indicam que houve retrocesso de 15 anos, com níveis de desnutrição comparáveis aos de 2008-2009.
Em seu discurso de abertura no evento, o diretor-geral da FAO, QU Dongyu, disse que a pandemia piorou a situação de insegurança alimentar a nível global, mas ressaltou que a única maneira de combater a desnutrição é continuar perseguindo os objetivos.
Segundo Dongyu, países da América da Sul e do Sul da Ásia chegaram a apresentar números melhores nos últimos anos com relação aos níveis de insegurança alimentar. Se estas regiões seguirem nesse caminho, disse ele, a expectativa é de que elas consigam alcançar o Objetivo Sustentável 2 (meta da ONU que prevê acabar com todas as formas de fome e má nutrição até 2030).
— Mas Isso ainda está fora do alcance para mais de um terço da população mundial — ponderou Dongyu, ao citar projeção de que cerca de 580 milhões de pessoas ainda passarão fome no mundo até 2030.
Financiamento 'inovador' e 'acessível'
O diretor-geral da FAO também fez um apelo aos governantes, ao setor privado e aos organismos de financiamento relacionados a sistemas alimentares para que não só ampliem os recursos destinados ao combate à fome, como mirem um financiamento “inovador” e “acessível” aos mais vulneráveis.
— Globalmente, talvez, a necessidade de financiamento seja de vários trilhões de dólares. (...) É muito importante reconhecer a nova realidade e entender que os desafios são globais, assim como os riscos e as incertezas que temos. Precisamos estar prontos e misturar os recursos financeiros de uma maneira colaborativa. Sem o setor privado, não conseguiremos atingir isso.
A porcentagem da população que passa fome varia em cada parte do globo. Na África, por exemplo, o índice está aumentando (20,4%), enquanto permaneceu estável na Ásia (8,1%).
Economista-chefe da FAO, Máximo Torero destacou que a alta dos preços dos alimentos afetou principalmente a população dos países de baixa e média renda, onde a recuperação econômica pós-pandemia foi menor do que o aumento dos produtos.
'Cada país tem seu caminho'
Segundo Torero, os instrumentos de financiamento existentes não estão sendo suficientes para alcançar a população dos países mais pobres. Ele apontou que 119 países de renda baixa ou média têm pouco ou nenhum acesso a financiamento para combate à fome e desnutrição.
— Pela realidade hoje, financiamento e escala são os principais ‘drivers’ para acabar com os problemas e os fatores que boicotam atingirmos os objetivos (de combate à fome e desnutrição) e que mantêm as desigualdades. Isso é o que o Brasil está tentando fazer, mas cada país tem o seu caminho.
Como orientação, a FAO elaborou três recomendações no relatório: um sistema coordenado de financiamento ao alcance dos países; um engajamento nas áreas rurais globais; financiamento inovador com mapeamento dos riscos e condições para atrair recursos.
Fonte: O GLOBO
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