Apresentação do Orçamento de 2024 pelo governo, eleições municipais no Brasil, corrida presidencial nos EUA e troca de comando no BC estarão no centro das atenções do mercado
Após um primeiro semestre em que o dólar subiu 15% e a Bolsa de Valores de São Paulo perdeu 7,66%, o que esperar da segunda metade do ano para os investimentos? Os juros nos títulos públicos - que remuneram as aplicações em renda fixa - seguirão em alta? Que fatores podem influenciar no comportamento dos mercados?
Mais emoções, segundo os especialistas, devem guiar o cenário dos investimentos daqui por diante.
— O segundo semestre vai ficar por conta da dinâmica das eleições municipais e da situação das contas públicas. Vai ter o envio da PLOA (Projeto de Lei Orçamentário Anual) para 2025 em agosto, com o mercado querendo entender a meta fiscal para ano que vem; as eleições presidenciais americanas e, para o fim do ano, o nome de quem vai suceder Roberto Campos Neto (na presidência do Banco Central), que vai ditar o comportamento da autoridade monetária no ano que vem — avalia Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez.
O cenário hoje é bem diferente do traçado por especialistas no início de 2023. E a mudança foi tanto no Brasil como no exterior. Se antes os analistas previam que a taxa básica de juros nos EUA iria recuar em março - ou seja, quatro meses atrás -, agora a estimativa é que, com sorte, os juros nos EUA só comecem a cair em novembro.
Aqui no Brasil, o Banco Central (BC) interrompeu no mês passado a queda da Selic após sete cortes seguidos. Agora, a previsão dos economistas do mercado, segundo o Boletim Focus do BC, é que a taxa básica de juros fique estável em 10,5% ao ano até o fim de 2024.
— Toda essa questão sobre o fiscal (as dúvidas sobre as contas públicas no Brasil) faz com que o DI futuro , que rege as taxas de renda fixa do Brasil, suba. Estando mais atraentes, garantem melhores retornos, mais previsíveis do que as ações — diz Eugênio Dottein, especialista em investimentos da Ável.
Apesar da variação positiva do Ibovespa em junho — o índice fechou o mês em alta de 1,48% —, o principal índice da Bolsa brasileira amarga uma desvalorização de 7,66% no acumulado do ano.
O desempenho dos mercados em junho e no ano:
O movimento positivo na Bolsa no mês passado, segundo Dottein, vem da leitura de boas oportunidades apesar da desvalorização geral dos principais papéis do índice.
— Temos ativos muito sólidos que entregam lucro líquido e preço muito descolado do valor real — afirma Dottein.
Os números apresentados pelo mercado financeiro no primeiro semestre dizem muito sobre como o investidor está olhando para o país:
— O Brasil encerra o primeiro semestre do ano como o destaque negativo do mundo, em termos de performance de ativos financeiros. O mercado hoje está mais cético, com maior aversão ao risco e maior desconfiança quanto à dinâmica das contas públicas — diz Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez.
Fonte: O GLOBO
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