Definição da principal novela dos meses anteriores à eleição carioca só deve vir no início de agosto.

O prefeito do Rio e pré-candidato à reeleição, Eduardo Paes (PSD), vai chegar e sair da convenção do partido, no sábado, sem ter o vice da chapa de outubro definido. Principal novela dos meses anteriores à eleição carioca, a definição de qual aliado do núcleo duro do prefeito vai ser o escolhido só deve ter um desfecho no início de agosto.

Apesar da demora, Paes afunilou o processo de escolha e tem dado a entender que, se não for o deputado federal Pedro Paulo, o nome mais provável é o do deputado estadual Eduardo Cavaliere, ex-secretário de Casa Civil. O prefeito não deve esperar até o dia 15 de agosto, limite para o registro de candidaturas, mas é possível que tome uma decisão perto do dia 5, prazo final para as convenções. Fato é que será uma chapa “puro-sangue” do PSD.

No sábado, portanto, a tendência é que a convenção — realizada logo no primeiro dia autorizado pela Justiça Eleitoral — seja meramente protocolar, de modo a confirmar a candidatura à reeleição de Paes sem objeções.

Apoios consolidados

Em almoço no Palácio da Cidade na segunda-feira, o prefeito recebeu a sinalização dos partidos da aliança de que receberá o apoio deles, seja quem for o vice escolhido. O encontro encerrou o discurso, mantido por setores do PT, de que a composição da aliança estaria condicionada a ter a vice.

O posto ganha especial relevância este ano por causa da possibilidade de Paes deixar o mandato no meio, caso reeleito, para concorrer ao governo estadual em 2026. Com isso, o vice assumiria a prefeitura daqui a dois anos. O prefeito, portanto, não abre mão de indicar alguém de sua máxima confiança.

Cotados de confiança

Pedro Paulo é o principal aliado de Paes na política, além de ser considerado um conhecedor da máquina administrativa da cidade — ou seja, visto por aliados como quadro com mais capacidade técnica para manter o trabalho do atual prefeito. Ele tem contra si, no entanto, o episódio da acusação de ter agredido a ex-mulher. 

Apesar de ter sido arquivado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o caso virou um fato político com constantes danos ao deputado federal, inclusive quando concorreu à prefeitura em 2016 e não chegou ao segundo turno. Naquele ano, o bispo da Universal, Marcelo Crivella (então no PRB), derrotou Marcelo Freixo (à época no PSOL).

Na esquerda, especialmente no PT, outro caso citado como ruim para o engajamento da militância na campanha, caso Pedro seja o vice, é o voto dele pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016.

Principal plano B, Cavaliere é visto como o aliado que melhor encarna o perfil de Paes depois de Pedro Paulo. Apesar de jovem — tem apenas 29 anos —, ele ganhou a confiança do prefeito nos últimos anos e foi aos poucos conquistando mais poder na prefeitura. Antes da Casa Civil, chefiou a pasta de Meio Ambiente.

Apesar da sensibilidade da escolha do vice, Eduardo Paes tem a seu favor o cenário de amplo favoritismo na eleição do Rio. Na pesquisa Datafolha deste mês, aparece com 53% das intenções de voto, e nenhum adversário chega aos dois dígitos. Tarcísio Motta (PSOL) registra 9%, e Alexandre Ramagem (PL), 7%.

A leitura no grupo do prefeito é que o processo eleitoral naturalmente fará com que outros candidatos cresçam, mas mesmo assim há otimismo com a possibilidade de vitória no primeiro turno. Paes conseguiu o feito na outra vez em que disputou reeleição, em 2012, mas o cardápio de candidaturas adversárias era mais favorável ao prefeito naquele ano.

Os favoritos
  • Pedro Paulo: Deputado federal e homem de confiança de Paes, é o favorito para o posto. Tem a seu favor o fato de ser conhecedor da máquina pública municipal. Por outro lado, episódios de desgaste político — especialmente a acusação de agressão à ex-mulher, já arquivada pelo STF — pesam contra. Petistas também temem dissidências pró-Tarcísio Motta (PSOL) por Pedro ter votado a favor do impeachment de Dilma.
  • Eduardo Cavaliere: Mais jovem integrante do que é considerado o núcleo duro de Paes, Cavaliere, de 29 anos, conquistou a confiança do prefeito e chefiava a Casa Civil até o período permitido pela Justiça Eleitoral. É visto como um político com perfil parecido com o de Paes, de dedicação e cobranças. Por outro lado, o deputado estadual de primeiro mandato tem menos experiência que o seu “concorrente direto” pela vaga.

Fonte: O GLOBO