Vice de Ramagem e Romário estão entre os parlamentares que querem emplacar familiares nas urnas em outubro

Para ampliar a influência política na cena política carioca e fortalecer a nominata de partidos, parlamentares do Rio de Janeiro estão apostando na candidatura de parentes para a Câmara dos Vereadores do Rio nas eleições de outubro.

A menos de dez dias do fim do prazo para o registro de candidaturas na Justiça Eleitoral, já há cinco cinco postulantes à vereança representando parentes ou adotando o sobrenome de aliados, e a lista deve aumentar até o próximo dia 15.

Até o momento, todos os candidatos são filiados ao PL do ex-presidente Jair Bolsonaro e do governador do Rio, Cláudio Castro.

O partido já ocupa hoje as três vagas no Senado Federal, a presidência da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e a vice-prefeitura do Rio, e ainda detém a maioria das vagas da bancada fluminense em Brasília, além do próprio Palácio Guanabara. Agora, quer aproveitar o capital político dessas lideranças para aumentar a bancada na Câmara Municipal, que hoje conta com apenas três vereadores, atrás de PSD (13), PSOL (6), MDB (5), PT (4) e Republicanos (4).

Oficializada na última segunda-feira (5) como vice de Alexandre Ramagem (PL) na chapa que enfrentará o atual prefeito, Eduay71rdo Paes (PSD), a deputada estadual Índia Armelau (PL) lançará seu marido, o policial penal Fernando Campos Paes. Ele concorrerá na urna como Fernando Armelau.

Outro exemplo é o de Ronaldo Faria, irmão do senador Romário (PL-RJ) que disputará uma vaga de vereador pelo mesmo partido. É a primeira candidatura de Ronaldo, que comandou um time da série C no Rio, o Sociedade Esportiva Búzios, na década passada. Ele não informou sua ocupação atual ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Com 3,8 mil seguidores no Instagram, ele reforça sua proximidade com o irmão e faz referências à atuação de Romário no futebol, como a alusão à camisa 11 imortalizada pelo jogador no nome de usuário do perfil.

Já o deputado estadual Thiago Gagliasso (PL) lançou a mãe, a chef de cozinha Lúcia Gagliasso, para a Câmara. Irmão do ator Bruno Gagliasso, com quem está rompido após embates públicos por divergências políticas, Thiago está no primeiro mandato na Alerj e se destaca nas redes pela defesa de Bolsonaro e de pautas conservadoras, como críticas à chamada ideologia de gênero.

Em um ato do PL na Tijuca, Zona Norte do Rio, no último dia 18, o deputado roubou a cena no disputado trio elétrico alugado pelo partido ao conceder a Jair Bolsonaro o título de cidadão do estado do Rio, uma honraria da Alerj, por meio de seu mandato. Bolsonaro, sorridente, exibiu a folha de papel para os apoiadores durante vários minutos.

Completam a lista Fábio Poubel, primo do deputado estadual Filippe Poubel (PL), que tem a cidade de Maricá como reduto eleitoral, e o vereador Rogério Amorim (PL). Candidato à reeleição, ele é irmão de Rodrigo Amorim, candidato do União Brasil à prefeitura, enquanto o PL apoia Ramagem.

No caso de Amorim, a aparente divisão familiar faz parte da estratégia de fragmentação da direita apoiada pelo clã Bolsonaro para impedir a vitória de Paes no primeiro turno. O objetivo é que as candidaturas de Amorim e de Marcelo Queiroz, do PP, capturem a maior parte dos votos da direita e de centro-direita e forcem um segundo turno entre Eduardo Paes e Ramagem.

A nominata do PL tem ainda os que não são familiares de sangue dos políticos, mas são apresentados como se fossem. É o caso de Sandro Acácio de Figueiredo, que concorrerá nas urnas como “Dr. Sandro Família Monteiro”. Ele foi chefe de gabinete de Gabriel Monteiro (PL), vereador cassado pela Câmara em agosto de 2022 por quebra de decoro por, entre outros episódios, ter filmado relações sexuais com uma menina de 15 anos.

Youtuber e ex-policial militar expulso da corporação fluminense por deserção, Monteiro, que também foi acusado por assessores de importunação sexual e estupro, foi preso em novembro de 2022 e se tornou réu por abuso sexual.

Mesmo cassado, em 2022 ele elegeu o pai, Roberto Monteiro (PL), e a irmã, Gisele Monteiro (PL) como deputado federal e deputada estadual, respectivamente – e ambos com quase 100 mil votos. Mesmo não sendo parente sanguíneo, ele concorrerá em nome da família e, caso eleito, representará os Monteiro na cadeira que um dia pertenceu ao ex-parlamentar.

Em outro caso que não envolve parentes consanguíneos ou cônjuges, o governador Cláudio Castro apadrinhou a candidatura de seu compadre, Diego Faro (PL), lançada em um evento concorrido e prestigiado pelas principais lideranças do estado na semana retrasada.

Até o próximo dia 15 é esperado que outras candidaturas de parentes de parlamentares sejam oficializadas. Uma delas é a de Kaio Brazão (Republicanos), filho de criação de Domingos Brazão e sobrinho do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), ambos réus no Supremo Tribunal Federal (STF) como mandantes do assassinato de Marielle Franco (PSOL).

Kaio, que participou da convenção do Republicanos no Rio na última segunda-feira (5), representará o clã Brazão na Câmara dos Vereadores. Tanto o pai quanto o tio estão presos preventivamente desde março após serem apontados como mandantes pelo delator Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle. Na Alerj, a família já conta com Pedro Brazão (PL), irmão de Domingos e Chiquinho.


Fonte: O GLOBO