No caso do material decorrente de cremação, são necessários cerca de 200 gramas para criar a peça
Biodiamante e o apresentador Jô Soares, morto em 2022 — Foto: Fotos de divulgação
Flávia Soares, ex-mulher de Jô Soares, morto em agosto de 2022, surpreendeu o público ao contar que transformou parte das cinzas do apresentador, que foi cremado, em um diamante. A revelação aconteceu em entrevista ao programa "Encontro com Bial", na qual ela também falou sobre o documentário "Um beijo do gordo", disponibilizado recentemente no Globoplay. Mas como, afinal, isso é possível?
Diamantes tradicionais se formam por milhões de anos na base da crosta terrestre, em um ambiente de altíssima pressão e elevada temperatura. Ocorre que quase 20% do corpo humano são feitos de carbono, justamente o elemento presente na pedra preciosa.
Assim, o que as empresas que trabalham no ramo fazem é replicar as condições da natureza para transformar um resto mortal em um biodiamante. Em laboratórios especializados, o carbono é submetido à alta pressão, em uma temperatura de até 1.500ºC. Inicialmente, o material vira grafite, para depois transmutar-se em cristais de diamante.
— Esses diamantes são produzidos em ambientes controlados usando tecnologias avançadas que replicam as condições geológicas que formam diamantes naturais. São quimicamente, fisicamente e opticamente idênticos aos diamantes extraídos — explica Mylena Cooper, CEO da The Diamond, empresa paranaense que atua no ramo.
Cordão feito com biodiamante — Foto: Divulgação
No caso das cinzas de cremação, são necessários cerca de 200 gramas para criar a peça. A partir de mechas de cabelo humano ou de pelos de animais, é preciso menos material biológico ainda: só 10 gramas. O processo custa a partir de cerca de R$ 4 mil, a depender das variantes.
É possível incluir o biodiamante em diferentes itens, como cordões, colares e brincos — tal qual ocorre com um diamante tradicional. Na entrevista para Pedro Bial, Flavinha, como a ex-mulher de Jô é conhecida, contou que, por ora, mantém sua peça em um cofre, mas que cogita fazer com ela um patuá.
— Distribuí em alguns lugares especiais para nós e uma amiga, que nos apresentou, falou que o pai dela tinha morrido, e ela mora na Holanda. Lá, eles transformam as cinzas em diamante. E eu fiz isso. Está em um cofre, guardado. Eu não sei o que fazer ainda, mas quero fazer um patuá — disse ela no programa.
Estima-se que, hoje, cerca de 17% do mercado internacional de diamantes se dê com aqueles produzidos em laboratório. Defensores da técnica argumentam, por exemplo, que ela evita uma série de impactos ambientais que decorrem da extração da pedra em ambientes naturais. Já há quem busque esse caminho não apenas para homenagear mortos, mas também para celebrações em vida, como casais ou pais (de crianças ou de pets).
— É possível juntar mechas de cabelos dos noivos e fazer um diamante único para um casamento. Pode-se eternizar o primeiro corte de cabelo de uma criança selecionando uma mecha para a transformação na joia, ou ainda pegar um punhado de pelos de animais de estimação, como cachorros e gatos, para a fabricação da peça — enumera Mylena Cooper, da The Diamond.
Fonte: O GLOBO
0 Comentários