Conflito militar aberto seria péssimo para todos os lados, com centenas ou mesmo milhares de mortos em Tel Aviv, Haifa, Beirute e talvez mesmo Teerã
Em décadas, nunca o Oriente Médio esteve diante de um risco tão grande de uma guerra total entre Israel e Irã, que envolveria certamente aliados iranianos como o Hezbollah e possivelmente sugaria os EUA para o conflito. Tudo dependerá das ações aguardas do regime iraniano e do grupo libanês depois de operações israelenses para matar o líder do Hamas em Teerã e de um importante comandante militar da organização xiita libanesa em Dahieh, no subúrbio sul de Beirute.
Impossível prever o futuro. Mas podemos analisar o passado. Essa provável guerra poderia ter sido evitada se tivessem chegado a um acordo para o cessar-fogo na Faixa de Gaza ao longo dos últimos meses. Imediatamente, os ânimos se acalmariam nas outras frentes de conflito, especialmente na fronteira entre Israel e Líbano. Todos sabem os parâmetros do acordo, que tem o aval do Conselho de Segurança da ONU e o apoio de todas as grandes potências.
Basta lembrar que, em novembro, o acordo de cessar-fogo levou à libertação de mais de 100 reféns israelenses e de outras nacionalidades em troca de centenas de prisioneiros palestinos. Nenhum palestino foi morto por Israel e a fronteira israelo-libanesa ficou calma. Poderia ser prorrogado indefinidamente. Mas o conflito militar foi retomado, Israel somente conseguiu salvar cerca de 5 reféns e mais de 30 mil palestinos foram mortos, incluindo milhares de crianças. O Hamas não foi eliminado – e certamente não será. A maior parte de Gaza foi destruída, incluindo escolas e hospitais.
O premier Benjamin Netanyahu não prioriza o acordo. Os mais de 100 reféns que seguem nas mãos do Hamas não estão no topo da sua agenda. O líder israelense está mais preocupado com os ultrarradicais integrantes de sua coalizão do que com os parentes das vítimas e uma imensa parcela da população israelenses que estão dispostos a pagar o preço de um cessar-fogo e a libertação de prisioneiros palestinos para que pais e mães possam voltar para seus filhos e filhas e filhos e filhas possam voltar para suas mães e pais.
O Hamas, por sua vez, é mais complicado de avaliar nesse momento. Catar e Egito indicam que o grupo estaria disposto a um cessar-fogo, mas a organização possui seu braço em Gaza e outro na diáspora. Com o assassinato de Ismail Haniyeh, a organização ficou sem uma figura com a força diplomática para chegar a um acordo.
Ainda dá tempo de evitar uma guerra total, por mais difícil que seja. Afinal, um conflito militar aberto entre Israel e Irã seria péssimo para todos os lados. Ninguém venceria. Mas centenas ou mesmo milhares de pessoas serão mortas em Tel Aviv, Haifa, Beirute e talvez mesmo Teerã. Além claro, dos palestinos que seguirão morrendo em Gaza sem a mesma atenção da comunidade internacional de meses atrás.
Fonte: O GLOBO
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