Em entrevista ao GLOBO, Fernando Morais disse que foi orientado por duas funcionárias da Voepass a pegar um ônibus até a aeronave rumo a Cascavel (PR), mas seu destino era Rio Verde (GO)
Fernando Morais conta que entrou por engano em avião que caiu em Vinhedo — Foto: Reprodução
Na manhã daquele 9 de agosto, o ATR-72 fez um “bate-volta” entre o Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, e o Aeroporto Coronel Adalberto Mendes da Silva, em Cascavel, no oeste do Paraná. Às 9h06 – quando Fernando e a família entraram por engano no ATR-72, mas conseguiram desembarcar –, a aeronave partiu de Guarulhos rumo à Cascavel. Às 11h59, o avião saiu de Cascavel para voltar a Guarulhos. Já às 13h25, no entanto, segundo o Corpo de Bombeiros de São Paulo, a aeronave caiu na rua Edueta, em Vinhedo.
De acordo com Morais, ele havia entrado na aeronave junto da esposa e o filho de 1 ano. Eles chegaram a ficar cerca de meia hora dentro do avião, antes de perceberem o erro. Na ocasião, o homem acreditava estar indo para Rio Verde, em Goiás, mas começou a desconfiar que estava no voo errado quando constatou que os assentos que comprou estavam ocupados.
Em entrevista ao GLOBO, Morais disse que, ao chegar no portão 204 do Aeroporto de Guarulhos, ele e sua família foram orientados por duas funcionárias da Voepass para pegarem um ônibus até a aeronave.
— Eu estava vindo do Chile, com a minha esposa e meu filho. Chegamos em Guarulhos na quinta-feira de noite e ficamos em um hotel. Na sexta-feira de manhã a gente ia pegar um voo para Rio Verde, que fica mais próximo da cidade onde eu moro, que é Chapadão do Sul, no Mato Grosso do Sul. Chegamos cedo no Aeroporto de Guarulhos e, após o check-in, fomos orientados a ir para o portão 204. Chegamos no portão, onde estava escrito Rio Verde no monitor. Duas funcionárias da Voepass, então, organizaram uma fila para os passageiros pegarem um ônibus até a aeronave — contou.
Márcia Pereira também estava no portão 204 para pegar o avião com destino a Rio Verde. Ao GLOBO, Pereira disse que entrou na aeronave certa, mas percebeu a desorganização no momento do embarque.
— Estava bem desorganizado. No mesmo portão de embarque estava escrito Rio Verde, com letras menores, e Cascavel. Muita gente se confundiu na hora. Quando entrei, a moça pediu meu documento, mas só passou o olho no bilhete — lembrou.
Segundo Morais, as funcionárias da Voepass estavam sem sistema na hora do embarque e não checaram os documentos da família.
— No portão de embarque, uma moça pegou o nosso bilhete, nem pediu documento, disse que estava sem sistema e também não tinha máquina para 'bipar' as passagens. Depois, ela pediu para que entrássemos no ônibus que nos levaria até o avião. Então, entramos achando que estava tudo certo e que o destino era Rio Verde. Quando desembarcamos do ônibus, subimos no [bimotor modelo ATR-72], mas reparei que tinha um senhor sentado na minha poltrona. Eu o questionei, mas ele refutou. A aeromoça, percebendo que havia duplicidade em outras poltronas, pediu para que os passageiros sentassem nos lugares que estavam vagos. Depois de um tempo, uma delas foi confirmar com um senhor se estávamos indo para Cascavel. Por isso, percebi que estava errado, pois meu destino era Rio Verde.
Assim que a tripulação começou a conferir o nome dos passageiros, Fernando percebeu que o voo não iria para Rio Verde. Ao GLOBO, ele relatou que a comissária Debora Soper Avila, de 28 anos, uma das vítimas do acidente, foi solícita na hora da confusão.
— Eu comecei a pegar minhas bagagens, e ela avisou pelo rádio que tinha passageiro errado dentro do avião — acrescentou.
A esposa de Fernando, Bruna, relatou em um vídeo nas redes sociais que a comissária também disse que, caso a família não conseguisse pegar o voo para Rio Verde, poderiam seguir com eles para Cascavel e, depois, voltar para Guarulhos — rota que o avião fez antes de cair.
Procurada, a Voepass ainda não retornou à reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.
A tragédia
Um bimotor modelo ATR-72, da empresa Voepass — antiga Passaredo — caiu na cidade de Vinhedo, no interior de São Paulo, na última sexta-feira. O avião havia saído da cidade de Cascavel com destino a Guarulhos. Segundo o Corpo de Bombeiros de São Paulo, a queda ocorreu às 13h25 na rua Edueta, na altura do número 2.500, próximo da rodovia Miguel Melhado de Campos (SP-324). A queda vitimou 58 passageiros e 4 tripulantes.
Veja a lista de vítimas da queda de avião
- ROSANGELA SOUZA
- ELIANE ANDRADE FREIRE
- LUCIANI CAVALCANTI
- JOSE FER
- DENILDA ACORDI
- MARIA AUXILIADORA VAZ DE ARRUDA
- JOSE CLOVES ARRUDA
- NELVIO JOSE HUBNER
- GRACINDA MARINA CASTELO DA SILVA
- RONALDO CAVALIERE
- SILVIA CRISTINA OSAKI
- WLISSES OLIVEIRA
- HIALES CARPINE FODRA
- DANIELA SCHULZ FODRA
- REGICLAUDIO FREITAS
- SIMONE MIRIAN RIZENTAL
- JOSGLEIDYS GONZALEZ
- MARIA PARRA
- IOSLAN PEREZ
- MAURO BEDIN
- ROSANGELA MARIA DEOLIVEIRA
- ANTONIO DEOCLIDES ZINU JUNIOR
- KHARINE GAVLIK PESSOA ZINI
- MAURO SGUARIZI
- LEONARDO HENRIQUE DA SILVA
- MARIA VALDETE BARTNIK
- RENATO BARTNIK
- HADASSA MARIA DASILVA
- RAPHAEL BOHNE
- RENATO LIMA
- RAFAEL ALVES
- LUCAS FELIPE COSTA CAMARGO
- ADRIELLE COSTA
- LAIANA VASATTA
- ANA CAROLINE REDIVO
- JOSE CARLOS COPETTI
- ANDRE MICHEL
- SARAH SELLALANGER
- EDILSON HOBOLD
- RAFAEL FERNANDO DOS SANTOS
- LIZIBBA DOS SANTOS
- PAULO ALVES
- PEDRO GUSSO DO NASCIMENTO
- ROSANA SANTOS XAVIER
- THIAGO ALMEIDA PAULA
- ADRIANA SANTOS
- DEONIR SECCO
- ALIPIO SANTOS NETO
- RAQUEL RIBEIRO MOREIRA
- ADRIANO DALUCA BUENO
- MIGUEL ARCANJO RODRIDUES JUNIOR
- DIOGO AVILA
- LUCIANO TRINDADE ALVES
- ISABELLA SANTANA POZZUOLI
- TIAGO AZEVEDO
- MARIANA BELIM
- ARIANNE RISSO
- CONSTANTINO THÉ MAIA
- Debora Soper Avila - 28 anos
- Rubia Silva de Lima - 41 anos
- Humberto de Campos Alencar e Silva - 61 anos
- Danilo Santos Romano - 35 anos
*Estagiário sob supervisão de Daniel Biasetto
Fonte: O GLOBO
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