Em meio ao avanço das consequências da crise climática pelo país, a preservação do meio ambiente está em segundo plano no debate eleitoral da capital do Amazonas. Em Manaus, candidatos fazem promessas para melhorar a segurança pública e apostam no recapeamento das ruas para fidelizar o voto do eleitor.
Candidato à reeleição, o prefeito David Almeida (Avante) tem o melhor desempenho na disputa e deverá ir para o segundo turno com adversário ainda indefinido. Pesquisas apontam Roberto Cidade (União Brasil), Amom Mandel (Cidadania) e Capitão Alberto Neto (PL) com chances de conseguir a segunda vaga.
O trio tenta conquistar os votos da direita, campo que tem força na cidade. A capital deu 60% dos votos ao ex-presidente Jair Bolsonaro em 2022. Corre por fora Marcelo Ramos (PT), nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com desempenho mais tímido.
Pesquisas internas das candidaturas indicam que o eleitor de Manaus reclama principalmente da violência na cidade, como roubo de celular e assalto aos ônibus e terminais de transporte coletivo. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, Manaus é a cidade com a maior taxa do país de roubo de smartphones. São 2.096,3 roubos e furtos de celular para cada 100 mil habitantes.
A saúde pública é outro problema que mobiliza o eleitor manauara. A principal reclamação é a dificuldade a acesso a médicos especialistas e exames. Em meio a esse cenário, o prefeito David Almeida trata como marca de sua gestão o fato de ter ampliado a estrutura de vacinação da cidade durante a pandemia.
Uma das capitais menos arborizadas do país, Manaus trata a pauta ambiental de forma periférica. Ainda que a qualidade do ar na capital também tenha sido afetada pelas queimadas na Amazônia, candidatos não se mobilizam em busca de solução para o problema.
Segundo pesquisa Quaest divulgada ontem, Almeida lidera a corrida com 38% das intenções de voto, seguido por Roberto Cidade, com 19%; Amom, com 15%; Capitão Alberto Neto, com 13%; e Ramos, com 6%.
Padrinhos
Além de estar à frente da máquina pública municipal, Almeida concorre com apoio das duas principais lideranças nacionais do Amazonas, os senadores Eduardo Braga (MDB) e Omar Aziz (PSD). Os parlamentares são aliados do presidente Lula, enquanto Almeida declarou voto em Bolsonaro em 2022. A aliança de agora mira 2026, quando Aziz almeja ser candidato a governador e Braga, à reeleição.
Na avaliação de Aziz, Lula e Bolsonaro não estão transferindo votos em Manaus, exceto para um nicho pequeno de eleitores, o que não é decisivo.
— O negócio é a empatia do candidato com a população do município, nenhum tipo de liderança está automaticamente elegendo ninguém — diz o senador.
Almeida tem feito uma campanha focada na prestação de conta do seu mandato. Uma das maiores vitrines é o programa Asfalta Manaus, com recapeamento de 3 mil ruas. Algumas vias estão recebendo asfalto pela primeira vez.
Presidente da Assembleia Legislativa, Roberto Cidade cresceu quatro pontos segundo a pesquisa Quaest divulgada ontem e está em segundo lugar. Ele tem o apoio do governador Wilson Lima (União). Com a ajuda de lideranças comunitárias, o candidato do União aposta na presença numerosa de cabos eleitorais na periferia e zonas rurais. Ele tem mirado nos problemas de gestão do prefeito e tentado enfraquecer Amom e Neto.
O grupo de Almeida, por sua vez, já tem estratégia para o caso de Cidade ser o adversário no provável segundo turno. A falta de respiradores durante a pandemia de Covid-19 e o colapso da rede hospitalar, debitadas na gestão de Wilson Lima, deverão ser usados para tentar desgastar o candidato do União.
Já Amom tem apostado na campanha on-line, com pouca presença de rua. Ele oscilou negativamente dois pontos, dentro da margem de erro, e foi numericamente ultrapassado por Cidade. Adversários têm tentado levantar desconfiança sobre Amom por ser jovem — 23 anos — e por não ter concluído nenhum dos seus mandatos eletivos. Em 2021, assumiu como vereador de Manaus, mandato interrompido em 2023, quando chegou à Câmara como o deputado federal mais votado do Amazonas e o primeiro a divulgar o diagnóstico de autismo. Na propaganda eleitoral, utilizou seu pouco tempo de TV para pedir ao eleitor que “beba água”.
Família Bolsonaro
Neto, por sua vez, tem feito da segurança pública e da proximidade com a família Bolsonaro as principais plataformas de sua campanha. O ex-presidente gravou para sua propaganda na TV e o candidato do PL já recebeu a visita de Michelle Bolsonaro e do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). Uma ida do ex-presidente a Manaus está prevista.
Policial Militar e ex-comandante do Pelotão da Ronda Ostensiva Cândido Mariano (Rocam), Neto propõe botão de pânico e câmeras de reconhecimento facial nos ônibus, armar a guarda municipal e fazer concurso público para contratação de mil novos profissionais para a corporação.
Do outro lado, Ramos é o candidato do presidente Lula, que o chamou para concorrer, marcando a posição do PT na capital onde há hegemonia da direita e divergências internas no partido. O presidente estadual do PT, Sinésio Campos, não apoia Ramos, enquanto o diretório municipal está ao seu lado.
A aposta de Ramos é direcionar o discurso para os indecisos e focar no legado de Lula de obras para o estado, afastando-se do debate ideológico.
Raio-x
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Raio-x de Manaus — Foto: Editoria de Arte
Principais candidatos
Gilberto Vasconcelos (PSTU) e Wilker Barreto (Mobiliza).
Temas do debate eleitoral
O trio tenta conquistar os votos da direita, campo que tem força na cidade. A capital deu 60% dos votos ao ex-presidente Jair Bolsonaro em 2022. Corre por fora Marcelo Ramos (PT), nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com desempenho mais tímido.
Pesquisas internas das candidaturas indicam que o eleitor de Manaus reclama principalmente da violência na cidade, como roubo de celular e assalto aos ônibus e terminais de transporte coletivo. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, Manaus é a cidade com a maior taxa do país de roubo de smartphones. São 2.096,3 roubos e furtos de celular para cada 100 mil habitantes.
A saúde pública é outro problema que mobiliza o eleitor manauara. A principal reclamação é a dificuldade a acesso a médicos especialistas e exames. Em meio a esse cenário, o prefeito David Almeida trata como marca de sua gestão o fato de ter ampliado a estrutura de vacinação da cidade durante a pandemia.
Uma das capitais menos arborizadas do país, Manaus trata a pauta ambiental de forma periférica. Ainda que a qualidade do ar na capital também tenha sido afetada pelas queimadas na Amazônia, candidatos não se mobilizam em busca de solução para o problema.
Segundo pesquisa Quaest divulgada ontem, Almeida lidera a corrida com 38% das intenções de voto, seguido por Roberto Cidade, com 19%; Amom, com 15%; Capitão Alberto Neto, com 13%; e Ramos, com 6%.
Padrinhos
Além de estar à frente da máquina pública municipal, Almeida concorre com apoio das duas principais lideranças nacionais do Amazonas, os senadores Eduardo Braga (MDB) e Omar Aziz (PSD). Os parlamentares são aliados do presidente Lula, enquanto Almeida declarou voto em Bolsonaro em 2022. A aliança de agora mira 2026, quando Aziz almeja ser candidato a governador e Braga, à reeleição.
Na avaliação de Aziz, Lula e Bolsonaro não estão transferindo votos em Manaus, exceto para um nicho pequeno de eleitores, o que não é decisivo.
— O negócio é a empatia do candidato com a população do município, nenhum tipo de liderança está automaticamente elegendo ninguém — diz o senador.
Almeida tem feito uma campanha focada na prestação de conta do seu mandato. Uma das maiores vitrines é o programa Asfalta Manaus, com recapeamento de 3 mil ruas. Algumas vias estão recebendo asfalto pela primeira vez.
Presidente da Assembleia Legislativa, Roberto Cidade cresceu quatro pontos segundo a pesquisa Quaest divulgada ontem e está em segundo lugar. Ele tem o apoio do governador Wilson Lima (União). Com a ajuda de lideranças comunitárias, o candidato do União aposta na presença numerosa de cabos eleitorais na periferia e zonas rurais. Ele tem mirado nos problemas de gestão do prefeito e tentado enfraquecer Amom e Neto.
O grupo de Almeida, por sua vez, já tem estratégia para o caso de Cidade ser o adversário no provável segundo turno. A falta de respiradores durante a pandemia de Covid-19 e o colapso da rede hospitalar, debitadas na gestão de Wilson Lima, deverão ser usados para tentar desgastar o candidato do União.
Já Amom tem apostado na campanha on-line, com pouca presença de rua. Ele oscilou negativamente dois pontos, dentro da margem de erro, e foi numericamente ultrapassado por Cidade. Adversários têm tentado levantar desconfiança sobre Amom por ser jovem — 23 anos — e por não ter concluído nenhum dos seus mandatos eletivos. Em 2021, assumiu como vereador de Manaus, mandato interrompido em 2023, quando chegou à Câmara como o deputado federal mais votado do Amazonas e o primeiro a divulgar o diagnóstico de autismo. Na propaganda eleitoral, utilizou seu pouco tempo de TV para pedir ao eleitor que “beba água”.
Família Bolsonaro
Neto, por sua vez, tem feito da segurança pública e da proximidade com a família Bolsonaro as principais plataformas de sua campanha. O ex-presidente gravou para sua propaganda na TV e o candidato do PL já recebeu a visita de Michelle Bolsonaro e do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). Uma ida do ex-presidente a Manaus está prevista.
Policial Militar e ex-comandante do Pelotão da Ronda Ostensiva Cândido Mariano (Rocam), Neto propõe botão de pânico e câmeras de reconhecimento facial nos ônibus, armar a guarda municipal e fazer concurso público para contratação de mil novos profissionais para a corporação.
Do outro lado, Ramos é o candidato do presidente Lula, que o chamou para concorrer, marcando a posição do PT na capital onde há hegemonia da direita e divergências internas no partido. O presidente estadual do PT, Sinésio Campos, não apoia Ramos, enquanto o diretório municipal está ao seu lado.
A aposta de Ramos é direcionar o discurso para os indecisos e focar no legado de Lula de obras para o estado, afastando-se do debate ideológico.
Raio-x
Raio-x de Manaus — Foto: Editoria de ArtePrincipais candidatos
- David Almeida (Avante): membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, o atual prefeito foi deputado estadual por três mandatos e também já presidiu a Assembleia Legislativa.
- Amom Mandel (Cidadania): elegeu-se vereador em 2020, aos 19 anos e, dois anos depois, foi o deputado federal mais votado do estado e o primeiro a divulgar o diagnóstico de autismo.
- Roberto Cidade (União Brasil): presidente da Assembleia Legislativa, foi vereador e presidente estadual do Partido Verde (PV). Em 2022, foi o deputado estadual mais votado do Amazonas.
- Capitão Alberto Neto (PL): policial militar e deputado federal, foi comandante do Pelotão da Ronda Ostensiva Cândido Mariano (Rocam) da PM do Amazonas. É filiado ao PL desde 2022.
- Marcelo Ramos (PT): foi deputado estadual e federal. Filiou-se ao PT em abril deste ano. Ex-integrante do PL, deixou a sigla após a filiação de Jair Bolsonaro em 2021.
Gilberto Vasconcelos (PSTU) e Wilker Barreto (Mobiliza).
Temas do debate eleitoral
- Segurança: principal problema apontado por eleitores, a violência em Manaus está no centro da campanha para a prefeitura, com foco em roubo de celular e medo da população de sair na rua.
- Saúde: falhas no atendimento em hospitais, horários limitados de unidades básicas de saúde e problemas de acesso a remédios, exames e consultas com especialistas também mobilizam os candidatos.
- Mobilidade: problemas no transporte coletivo, falta de infraestrutura e congestionamentos estão na pauta da eleição. A insegurança também afeta linhas de ônibus, com assaltos no transporte coletivo.
Fonte: O GLOBO
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