Alvo de investigação sobre casas de apostas, cantor obteve um habeas corpus; sertanejo faz propaganda de apresentação em Marabá (PA) exibindo logomarca da ObaBet

Gusttavo Lima aparece com camisa de casa de apostas em anúncio de volta aos palcos — Foto: Reprodução

O cantor Gusttavo Lima aparece vestido com a camisa de uma casa de apostas em vídeo no qual convida o público para seu show no município paraense de Marabá, que será realizado nesta sexta-feira. As imagens publicadas no perfil da organizadora do evento mostram o sertanejo usando trajes com a logomarca da ObaBet, uma empresa que promove, entre outros, o Jogo do Tigrinho.

O artista é investigado por suspeita de lavagem de dinheiro de outra casa de apostas online, a Vai de Bet. A princípio, ele foi contratado para ser garoto propaganda da empresa e, de acordo com a Justiça de Pernambuco, comprou 25% da companhia em julho deste ano. Por conta de sua ligação com esta empresa, Gusttavo Lima chegou a ter um mandado de prisão expedido, mas a decisão foi revogada pela segunda instância do Judiciário. Às autoridades pernambucanas, o sertanejo afirmou que desfez os contratos com a Vai de Bet.

Antes de obter o habeas corpus, havia incerteza sobre a manutenção da agenda de shows de Gusttavo Lima. O cantor estava em Miami, nos Estados Unidos. Seus compromisso artísticos, no entanto, foram mantidos. No sábado ele se apresenta em Parauapebas, também no Pará.

— Fala galera de Marabá, aqui é o Embaixador (apelido do artista), passei para avisar: 27 de setembro estou chegando, não tem conversa. Vamos fazer um show maravilhoso para a gente matar a saudade e vai ser incrível esse nosso reencontro. Beijo — afirma o cantor em vídeo postado nas redes sociais da Positivo Eventos, organizadora do evento, em 30 de agosto.

Investigação

Gusttavo Lima é investigado por conta de suas relações com a empresa Vai de Bet. Em depoimento à Polícia Civil de Pernambuco, feito por carta, o artista afirmou ter conhecido José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Rocha, casal sócio da Vai de Bet, em junho de 2022.

Gusttavo Lima contou que estava em Campina Grande, na Paraíba, para um show, e o casal o procurou após a apresentação para "celebrar um contrato de uso de imagem e voz". A informação é do jornal Diário de Pernambuco.

Três dias depois, o contrato foi fechado. Os valores, afirma o cantor, foram pagos com a devida "correção com seu valor e objeto", com emissão de notas fiscais. Lima afirmou ainda que a casa de apostas não era alvo de investigações naquele momento.

Na véspera da deflagração da Operação Integration, no início de setembro, José Rocha Neto e Aislla Rocha viajaram com Lima a bordo de um avião até a Grécia, onde o cantor celebrou seu aniversário. No depoimento do dia 11, Lima diz não ter "relação de intimidade" com a dupla, mas profissional, com "momentos de convivência". Ele também acrescenta ter desfeito o contrato de propaganda com a Vai de Bet, de acordo com o jornal pernambucano.

O sertanejo também falou sobre as suspeitas de que uma de suas empresas, a Balada Eventos, seja usada para lavar dinheiro. Ele disse aos investigadores que a empresa é dona de aviões, helicópteros, ônibus e carros. Segundo Lima, todos os bens foram adquiridos "com dinheiro do seu próprio caixa, dinheiro lícito, oriundo de sua atividade empresarial".

Uma das negociações suspeitas investigadas pela Polícia Civil é a venda de um avião Cessna adquirido pela Esportes da Sorte, empresa de Darwin Henrique da Silva Filho, outro investigado. O montante milionário da transação depois teria voltado à casa de apostas. Após o pagamento de duas prestações, segundo Lima, foi identificada "uma corrosão no motor", o que levou ao cancelamento do negócio.

O cantor também explicou a venda de outra aeronave. Nesse caso, a compradora era a Vai de Bet. Vendida por R$ 33 milhões, a aeronave continuou em nome da empresa do sertanejo. No depoimento, Lima disse que, inicialmente, o negócio feito seria a venda de um helicóptero à casa de apostas, mas a compra não foi para a frente. José da Rocha disse, no entanto, que precisava de uma aeronave maior. Os valores da venda do helicóptero, no entanto, foram abatidos na aquisição de um jatinho. O contrato só previa a transferência do avião quando todas as prestações fossem quitadas.

"A JMJ Participações não buscava ocultar a propriedade da aeronave que, tão logo recebeu a transferência da propriedade do avião, ela deu entrada na Anac para que fosse publicamente registrado que ela era a dona do avião", disse Gustavo Lima, segundo o Diário de Pernambuco.

Em junho de 2024, a Balada Eventos foi notificada quando o avião, usado por José Andre e Aislla, apresentou problemas técnicos em uma viagem do casal à Orlando, nos Estados Unidos. Um outro jatinho de Lima, que já se encontrava nos EUA, foi cedido para trazer os donos da Vai de Bet de volta ao Brasil.


Fonte: O GLOBO