Candidata democrata à Presidência dos EUA, Kamala Harris, e candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, durante debate transmitido pela rede ABC — Foto: MATTHEW HATCHER / AFP
Ainda assim, ela não conseguiu conquistar uma vantagem decisiva, e a corrida pela Casa Branca segue empatada em nível nacional, embora ela apresente uma vantagem de quatro pontos percentuais na Pensilvânia, estado que muitos analistas veem como o mais provável para determinar o resultado da disputa.
Kamala recebeu avaliações mais favoráveis sobre seu desempenho no debate, com 67% dos prováveis eleitores dizendo que ela foi bem, contra 40% dizendo o mesmo sobre o republicano. A maioria dos eleitores de todos os grupos raciais, faixas etárias e níveis educacionais — inclusive eleitores brancos sem diploma universitário, que normalmente são o grupo mais fiel a Trump — deu a ela uma avaliação positiva. Mas nem isso foi suficiente para alterar uma corrida acirrada: em nível nacional, Trump e Kamala estão empatados com 47% cada um.
Na Pensilvânia, a vice-presidente lidera por 50% a 46%. As pesquisas foram realizadas quase inteiramente antes da segunda aparente tentativa de assassinato contra Trump no último domingo, quando agentes do Serviço Secreto abriram fogo contra um homem armado escondido entre arbustos a poucos metros do candidato republicano.
No primeiro debate da eleição geral de 2024, entre Trump e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em junho, o desempenho considerado desastroso do democrata levou à sua desistência da corrida eleitoral e posterior apoio à candidatura de sua companheira de chapa. As novas pesquisas mostram que os democratas rapidamente se uniram em torno de Kamala, mas ela ainda tem algumas vulnerabilidades.
Grande parte do eleitorado a considera muito liberal — mais até do que consideram Trump muito conservador. Além disso, a proporção de eleitores que afirmaram ainda querer saber mais sobre ela era quase idêntica antes e depois do debate, sugerindo que ela pode ter perdido a oportunidade de dissipar dúvidas do público.
— Eu queria ver como ela responderia às perguntas no debate, mas sinto que ela não respondeu a nenhuma delas; ela meio que desviou — disse Tyler Slabaugh, 24 anos, que trabalha com vendas na área médica e vive em Grand Haven, Michigan. Ele não votou em 2020, mas planeja apoiar Trump este ano. — Eu realmente não entendi qual era o plano dela.
As preocupações sobre o estado da economia continuam generalizadas. Na Pensilvânia, 77% dos prováveis eleitores disseram que a economia estava ruim ou regular, com apenas 22% dizendo que era excelente ou boa. Essa visão negativa se manteve mesmo em regiões-chave dos democratas, incluindo a Filadélfia.
Trump, por sua vez, enfrenta seus próprios desafios. Seu apoio entre eleitores brancos com educação superior caiu para 36%, tanto em nível nacional quanto na Pensilvânia. Em 2020, ele conquistou 42% desse grupo, segundo uma análise do Centro de Pesquisa Pew.
— Ele continua a desviar do foco e divagar, o que, novamente, não é algo que eu procuro em um líder mundial — disse Paul Irwin-Dudek, 47, executivo de uma ONG em Nutley, Nova Jersey, que apoia Kamala. — Ela foi capaz de comandar o ambiente — acrescentou ele sobre o debate.
Desempenho surpreendente
O fato de Kamala ter um desempenho mais forte na Pensilvânia do que em nível nacional é surpreendente. O estado tem sido um dos mais disputados desde 2016 e, em geral, tem se mostrado mais republicano do que a média nacional. Mas, em 2024, os democratas — primeiro com Biden, e agora com Kamala — demonstraram força relativa com eleitores brancos como os da Pensilvânia, onde a vice-presidente conquistou 46% dos eleitores desse grupo. Em 2020, Biden obteve 43% dos eleitores brancos em nível nacional, e Hillary Clinton recebeu 39% em 2016.
As novas pesquisas estão alinhadas com outras que mostram a popularidade de Kamala crescendo no estado. Apenas 42% dos eleitores a avaliavam de forma positiva na Pensilvânia no início de julho; agora, esse número subiu para 51%. Os eleitores da Pensilvânia têm sido bombardeados com uma grande quantidade de publicidade a favor e contra ela desde que a vice-presidente entrou na corrida, em 21 de julho. A imagem de Trump também melhorou, com 47% dos eleitores tendo uma visão favorável dele em nível nacional. Uma proporção semelhante — 48% — tinha uma visão favorável de Kamala em nível nacional.
O debate foi assistido ao vivo por mais de 67 milhões de americanos, o que fez dele a transmissão mais assistida do ano, fora do Super Bowl. Kamala teve melhor desempenho entre os 80% dos eleitores que disseram ter assistido ao vivo ou visto trechos depois, vencendo entre esses eleitores. Trump liderava entre a pequena parcela que só ouviu falar sobre o debate ou não sabia nada a respeito. Ainda que ambos tenham apresentado visões divergentes, a durabilidade da divisão política nos EUA em relação às políticas dos dois ficou clara na pesquisa.
— Eu realmente sinto que ela não fez nada com a questão da fronteira quando era vice-presidente. Eu achei que era uma piada — disse Mitchell Wallace, técnico de tratamento de esgoto de 33 anos na Flórida. Ele é independente, votou em Trump em 2020 e planeja fazer o mesmo novamente, chamando o ex-presidente de “o menor dos dois males”.
A proporção de eleitores que apoiam Trump na economia (54%) e na imigração (54%) permaneceu quase a mesma de antes do debate. As proporções de eleitores que confiam mais em Kamala para lidar com o aborto (54%) e preservar a democracia (50%) também não mudaram. Os eleitores negros foram os mais entusiasmados com o desempenho da democrata no debate, com 87% dizendo que ela foi bem — número maior do que os eleitores negros que disseram que vão votar nela.
Reações ao debate
Entre eleitores independentes cruciais, o desempenho de Trump no debate foi mal recebido, com apenas 8% em nível nacional e 4% na Pensilvânia dizendo que ele foi muito bem. No estado, 65% dos eleitores independentes disseram que Kamala se saiu bem, em comparação com 30% que disseram o mesmo sobre Trump. O ex-presidente e seus aliados criticaram os dois moderadores do debate da ABC News, David Muir e Linsey Davis, mas a maioria dos eleitores achou que eles foram justos, embora 79% dos republicanos discordassem.
Uma das principais tarefas de Kamala no debate foi se apresentar a uma parte significativa do eleitorado que sentia a necessidade de aprender mais sobre ela. Cerca de metade dos espectadores do evento, incluindo quase metade dos eleitores independentes, disseram que aprenderam muito ou algo sobre a democrata durante o debate. No entanto, houve pouca mudança, com 25% dos eleitores dizendo que sentem necessidade de saber mais sobre ela, uma queda de apenas alguns pontos.
Por outro lado, o debate também pode ter solidificado as preocupações de alguns eleitores de que Trump é apenas um político típico de Washington. A proporção de eleitores que disseram que ele representa “mais do mesmo” aumentou ligeiramente. Ainda assim, mais eleitores consistentemente veem o republicano como o candidato da mudança, embora não esteja claro se eles gostam do tipo de mudança que ele promete trazer. Uma estreita maioria de 51% disse que ele traria “o tipo certo de mudança”, em comparação com 49% para Kamala.
— Ela sabe o que pessoas como eu passam — disse Alexis Cobbs, 54, técnica em diálise e democrata que vive na Filadélfia. — Diferentemente de Trump, que nunca teve que realmente trabalhar de verdade na vida.
Trump recebeu mais elogios do que Kamala por dizer o que acredita e ser respeitado por líderes estrangeiros. Ela, por sua vez, ampliou a vantagem sobre Trump no quesito inteligência. Em agosto, os eleitores da Pensilvânia tinham 10 pontos percentuais a mais de probabilidade de dizer que “inteligente” descrevia Harris “bem”, em comparação com Trump. Após o debate, essa diferença agora é de 18 pontos percentuais.
As pesquisas destacam um contraste acentuado na forma como os eleitores veem os dois candidatos. Trump foi considerado o candidato mais “extremo”, com 74% contra 46% para Kamala. Mais de um terço dos eleitores acha que Trump é desonesto; menos de um terço acha o mesmo da vice-presidente democrata.
Fonte: O GLOBO
Kamala recebeu avaliações mais favoráveis sobre seu desempenho no debate, com 67% dos prováveis eleitores dizendo que ela foi bem, contra 40% dizendo o mesmo sobre o republicano. A maioria dos eleitores de todos os grupos raciais, faixas etárias e níveis educacionais — inclusive eleitores brancos sem diploma universitário, que normalmente são o grupo mais fiel a Trump — deu a ela uma avaliação positiva. Mas nem isso foi suficiente para alterar uma corrida acirrada: em nível nacional, Trump e Kamala estão empatados com 47% cada um.
Na Pensilvânia, a vice-presidente lidera por 50% a 46%. As pesquisas foram realizadas quase inteiramente antes da segunda aparente tentativa de assassinato contra Trump no último domingo, quando agentes do Serviço Secreto abriram fogo contra um homem armado escondido entre arbustos a poucos metros do candidato republicano.
No primeiro debate da eleição geral de 2024, entre Trump e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em junho, o desempenho considerado desastroso do democrata levou à sua desistência da corrida eleitoral e posterior apoio à candidatura de sua companheira de chapa. As novas pesquisas mostram que os democratas rapidamente se uniram em torno de Kamala, mas ela ainda tem algumas vulnerabilidades.
Grande parte do eleitorado a considera muito liberal — mais até do que consideram Trump muito conservador. Além disso, a proporção de eleitores que afirmaram ainda querer saber mais sobre ela era quase idêntica antes e depois do debate, sugerindo que ela pode ter perdido a oportunidade de dissipar dúvidas do público.
— Eu queria ver como ela responderia às perguntas no debate, mas sinto que ela não respondeu a nenhuma delas; ela meio que desviou — disse Tyler Slabaugh, 24 anos, que trabalha com vendas na área médica e vive em Grand Haven, Michigan. Ele não votou em 2020, mas planeja apoiar Trump este ano. — Eu realmente não entendi qual era o plano dela.
As preocupações sobre o estado da economia continuam generalizadas. Na Pensilvânia, 77% dos prováveis eleitores disseram que a economia estava ruim ou regular, com apenas 22% dizendo que era excelente ou boa. Essa visão negativa se manteve mesmo em regiões-chave dos democratas, incluindo a Filadélfia.
Trump, por sua vez, enfrenta seus próprios desafios. Seu apoio entre eleitores brancos com educação superior caiu para 36%, tanto em nível nacional quanto na Pensilvânia. Em 2020, ele conquistou 42% desse grupo, segundo uma análise do Centro de Pesquisa Pew.
— Ele continua a desviar do foco e divagar, o que, novamente, não é algo que eu procuro em um líder mundial — disse Paul Irwin-Dudek, 47, executivo de uma ONG em Nutley, Nova Jersey, que apoia Kamala. — Ela foi capaz de comandar o ambiente — acrescentou ele sobre o debate.
Desempenho surpreendente
O fato de Kamala ter um desempenho mais forte na Pensilvânia do que em nível nacional é surpreendente. O estado tem sido um dos mais disputados desde 2016 e, em geral, tem se mostrado mais republicano do que a média nacional. Mas, em 2024, os democratas — primeiro com Biden, e agora com Kamala — demonstraram força relativa com eleitores brancos como os da Pensilvânia, onde a vice-presidente conquistou 46% dos eleitores desse grupo. Em 2020, Biden obteve 43% dos eleitores brancos em nível nacional, e Hillary Clinton recebeu 39% em 2016.
As novas pesquisas estão alinhadas com outras que mostram a popularidade de Kamala crescendo no estado. Apenas 42% dos eleitores a avaliavam de forma positiva na Pensilvânia no início de julho; agora, esse número subiu para 51%. Os eleitores da Pensilvânia têm sido bombardeados com uma grande quantidade de publicidade a favor e contra ela desde que a vice-presidente entrou na corrida, em 21 de julho. A imagem de Trump também melhorou, com 47% dos eleitores tendo uma visão favorável dele em nível nacional. Uma proporção semelhante — 48% — tinha uma visão favorável de Kamala em nível nacional.
O debate foi assistido ao vivo por mais de 67 milhões de americanos, o que fez dele a transmissão mais assistida do ano, fora do Super Bowl. Kamala teve melhor desempenho entre os 80% dos eleitores que disseram ter assistido ao vivo ou visto trechos depois, vencendo entre esses eleitores. Trump liderava entre a pequena parcela que só ouviu falar sobre o debate ou não sabia nada a respeito. Ainda que ambos tenham apresentado visões divergentes, a durabilidade da divisão política nos EUA em relação às políticas dos dois ficou clara na pesquisa.
— Eu realmente sinto que ela não fez nada com a questão da fronteira quando era vice-presidente. Eu achei que era uma piada — disse Mitchell Wallace, técnico de tratamento de esgoto de 33 anos na Flórida. Ele é independente, votou em Trump em 2020 e planeja fazer o mesmo novamente, chamando o ex-presidente de “o menor dos dois males”.
A proporção de eleitores que apoiam Trump na economia (54%) e na imigração (54%) permaneceu quase a mesma de antes do debate. As proporções de eleitores que confiam mais em Kamala para lidar com o aborto (54%) e preservar a democracia (50%) também não mudaram. Os eleitores negros foram os mais entusiasmados com o desempenho da democrata no debate, com 87% dizendo que ela foi bem — número maior do que os eleitores negros que disseram que vão votar nela.
Reações ao debate
Entre eleitores independentes cruciais, o desempenho de Trump no debate foi mal recebido, com apenas 8% em nível nacional e 4% na Pensilvânia dizendo que ele foi muito bem. No estado, 65% dos eleitores independentes disseram que Kamala se saiu bem, em comparação com 30% que disseram o mesmo sobre Trump. O ex-presidente e seus aliados criticaram os dois moderadores do debate da ABC News, David Muir e Linsey Davis, mas a maioria dos eleitores achou que eles foram justos, embora 79% dos republicanos discordassem.
Uma das principais tarefas de Kamala no debate foi se apresentar a uma parte significativa do eleitorado que sentia a necessidade de aprender mais sobre ela. Cerca de metade dos espectadores do evento, incluindo quase metade dos eleitores independentes, disseram que aprenderam muito ou algo sobre a democrata durante o debate. No entanto, houve pouca mudança, com 25% dos eleitores dizendo que sentem necessidade de saber mais sobre ela, uma queda de apenas alguns pontos.
Por outro lado, o debate também pode ter solidificado as preocupações de alguns eleitores de que Trump é apenas um político típico de Washington. A proporção de eleitores que disseram que ele representa “mais do mesmo” aumentou ligeiramente. Ainda assim, mais eleitores consistentemente veem o republicano como o candidato da mudança, embora não esteja claro se eles gostam do tipo de mudança que ele promete trazer. Uma estreita maioria de 51% disse que ele traria “o tipo certo de mudança”, em comparação com 49% para Kamala.
— Ela sabe o que pessoas como eu passam — disse Alexis Cobbs, 54, técnica em diálise e democrata que vive na Filadélfia. — Diferentemente de Trump, que nunca teve que realmente trabalhar de verdade na vida.
Trump recebeu mais elogios do que Kamala por dizer o que acredita e ser respeitado por líderes estrangeiros. Ela, por sua vez, ampliou a vantagem sobre Trump no quesito inteligência. Em agosto, os eleitores da Pensilvânia tinham 10 pontos percentuais a mais de probabilidade de dizer que “inteligente” descrevia Harris “bem”, em comparação com Trump. Após o debate, essa diferença agora é de 18 pontos percentuais.
As pesquisas destacam um contraste acentuado na forma como os eleitores veem os dois candidatos. Trump foi considerado o candidato mais “extremo”, com 74% contra 46% para Kamala. Mais de um terço dos eleitores acha que Trump é desonesto; menos de um terço acha o mesmo da vice-presidente democrata.
Fonte: O GLOBO
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